Janeiro Branco 2025: psicólogo dá conselhos para cultivar o autocuidado na maturidade

29 de Janeiro de 2025 | Larissa Gabriel Alvares

O mês de janeiro foi escolhido porque está associado a recomeços, uma folha em branco que pode nos levar a reflexões e os novos projetos como a possibilidade de reescrever a própria história. | Créditos: Maria Paula Garcia

A campanha de conscientização alerta para a atenção com a saúde mental

Com origem em Minas Gerais, o Janeiro Branco começou com uma campanha que pretendia popularizar informações ligadas à saúde mental em 2014, em que um grupo de psicólogos se reuniu para debater e criar a temporada. O reconhecimento oficial veio somente em 2023, com a promulgação da Lei nº 14.556, que fez o mês colorido tomar proporções nacionais.

Na matéria de hoje, a equipe do The Silver Economy entrevistou o psicólogo Francisco Carlos Gomes, para explicar um pouco sobre a campanha e dar dicas de cuidado com a mente especificamente para longevos.

Autocuidado

Francisco iniciou a conversa explicando a importância da campanha nacional: “O mês de janeiro foi escolhido porque está associado a recomeços, uma folha em branco que pode nos levar a reflexões e os novos projetos como a possibilidade de reescrever a própria história. Outro fator importante é desmistificar as questões mentais e quebrar tabus no que diz respeito ao autocuidado”.

O profissional explicou como, por muitas vezes, equivocadamente, procurar ajuda psicológica pode ser visto como um sinal de fraqueza. Apesar do período de pandemia ter reiterado a importância de cuidar da saúde mental (em 2021, uma pesquisa do Instituto FSB revelou que 60% dos brasileiros que fazem terapia começaram o tratamento durante a pandemia), muitos fatores ainda fortalecem uma visão equivocada do trabalho de psicólogos e psiquiatras.

Mas não é só na área da psicologia que a desinformação acaba diminuindo a busca pelo tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, três em cada dez homens não têm o hábito de ir ao médico. Ainda, de acordo com pesquisa do Centro de Referência em Saúde do Homem, mais da metade dos pacientes do sexo masculino só procura atendimento médico em casos de problemas de saúde avançados.

Outros dados sobre esse tema são revelados com a pesquisa da Cleveland Clinic (centro médico acadêmico norte-americano sem fins lucrativos): 20% dos homens admitem não ser sinceros com os próprios médicos. Apenas metade deles costuma fazer exames de rotina. 65% dos entrevistados admitiram que evitam ir ao médico pelo maior período possível. Profissionais analisam que, além do temor causado pela falta de informação dos tratamentos, esse medo pode decorrer da ideia de ‘fraqueza’ que os homens, supostamente, não podem demonstrar.

Quem precisa de ajuda psicológica e procura o tratamento, está exercendo um ato de coragem, é uma ideia errada que se trata de uma fraqueza, muito pelo contrário – é uma demonstração de força – e que precisa de ajuda profissional de um psicólogo”, diz Francisco.

Exercício e alimentação balanceada

Exercícios físicos vão além da saúde do corpo e podem estar ligados com a saúde mental dos longevos. Para Francisco, o cuidado integrado, ou seja, que aborda várias esferas como o físico, mental e social, é essencial para um desenvolvimento saudável.

É muito difícil manter uma rotina de exercícios sozinho, então, mais uma vez, os grupos podem nos ajudar e estimular a praticar as atividades físicas. É importante que sejam exercícios que você se sinta bem em fazer. Algumas pessoas gostam de academias, outras gostam de caminhar no parque, outras gostam de fazer natação. O importante é que este hobbie tenha a ver com você”, explica o doutor.  

Consultar profissionais, tanto para fazer exercícios de maneira segura quanto para desenvolver uma dieta balanceada, também compõem uma parte importante do autocuidado. Principalmente por conta do metabolismo do corpo, a alimentação na longevidade tende a ser diferente da alimentação de pessoas mais jovens: “Uma alimentação balanceada pode ajudar no humor e na qualidade de vida que ainda temos pela frente, além de ajudar no controle do peso, que, com a longevidade, precisa estar em equilíbrio”, pontua Francisco.

Familiares e Independência

A interação intergeracional, ou seja, entre pessoas de gerações diferentes, é fundamental para possibilitar a troca de experiências e vivências, explica o doutor. Ao fortalecer laços afetivos, seja com filhos ou netos, os indivíduos sentem maior pertencimento ao grupo: “O ganho maior está na promoção da saúde, a sensação de bem-estar é um fator observável nesta relação, para todos os lados, com isso a autoestima se fortalece com a sensação de pertencimento ao grupo de forma mais ativa”, diz Francisco.

Para quem não convive com os familiares, o profissional explica como é necessário ter uma rede de apoio na longevidade. Os vínculos sociais e as amizades tem um papel preponderante para o cuidado da mente: “A forma como nos relacionamos pode ser determinante como fator de proteção psicossocial contra o adoecimento emocional e o suicídio”.

Cultivar a independência também é importante para garantir melhor qualidade de vida a longo prazo. Francisco divide a independência na maturidade em três esferas: a financeira (com educação financeira, é possível ter mais liberdade no envelhecimento), a física (trabalhar ativamente o corpo previne doenças e aumentam a disposição) e a social (novos ciclos de amizade fomentam a socialização do indivíduo). 

A OMS (Organização mundial de Saúde), alerta para o número de transtornos de ansiedade e depressão, principalmente na população 60+. Francisco chama atenção aos sinais que a pessoa idosa possa demonstrar caso precise de ajuda psicológica:

  • – Deixar de falar das suas emoções e sentimentos;
  • – Isolamento voluntário;
  • – Sinais de tristeza.

1 Comment

  • Ana Paula Justino

    Material muito informativo. Os cuidados quando amadurecemos e nos tornamos 50+ são diários e começam com pequenas alterações na nossa rotina.
    Janeiro branco adorei a explicação da origem do nome. Obrigada Dr Francisco

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The Silver Economy

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