Inclusão de profissionais maduros no mercado de trabalho: um desafio crescente

29 de Janeiro de 2024 | Hever Costa Lima

O desafio do etarismo é criar uma cultura inclusiva nas empresas – Crédito: Master1305 – Freepik.com

Empresas estudam ações para promover uma cultura mais inclusiva em toda a organização no combate ao etarismo

A questão da inclusão de profissionais com mais de 50 anos no mercado de trabalho tem ganhado cada vez mais destaque. Segundo um estudo ‘Desafios do etarismo: a expectativa dos 50+ e a realidade do mercado de trabalho’ realizado em 2023 pela Ernst & Young (EY), uma empresa especializada em auditoria e consultoria, e pela Maturi, uma agência focada no treinamento de profissionais com mais de 50 anos, ainda existem preconceitos contra esses profissionais no mercado de trabalho. O estudo revelou que 60% das empresas têm dificuldades para contratar pessoas nessa faixa etária e 91% acreditam que esses profissionais enfrentam desafios para obter emprego.

De acordo com um relatório do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, durante a pandemia, mais de 700 mil profissionais acima de 50 anos perderam seus empregos. 

57% das organizações planejam implementar ações voltadas para o envelhecimento, como o recrutamento de profissionais maduros”, diz o estudo Desafios do etarismo

O cenário de trabalho atual não parece ser acolhedor para os profissionais com mais de 50 anos, dado que 80% das empresas não possuem políticas específicas para combater a discriminação etária em seus processos de contratação. No entanto, a maioria das empresas acredita que o aumento da população madura terá impactos significativos em suas empresas e aquelas que se adaptarem a essa tendência terão vantagem competitiva.

Três em cada cinco entrevistados acreditam que o envelhecimento da população terá um impacto em suas empresas, e 88% concordam, em maior ou menor grau, que as empresas que se prepararem para a diversidade de idade entre os funcionários estarão em uma posição mais vantajosa no futuro.

Raquel Thomazi, gerente de People Advisory Services da EY Brasil afirmou a revista Exame que algumas empresas já começaram a implementar ações para promover uma cultura mais inclusiva em toda a organização. No entanto, segundo ela, ainda há muito a ser feito no Brasil no combate ao etarismo, especialmente para que os líderes vejam isso como uma oportunidade estratégica em um país que está envelhecendo rapidamente, removendo assim as principais barreiras para a inclusão dessa população nas organizações.

O estudo indicou que 57% das organizações planejam implementar ações voltadas para o envelhecimento, como o recrutamento de profissionais maduros e a preparação da cultura organizacional, até 2025.

93% dos profissionais maduros estão buscando recolocação no mercado de trabalho”, aponta a pesquisa Desafios do etarismo

Mórris Litvak, CEO e fundador da Maturi, enfatiza que governos e empresas precisam adotar uma abordagem mais inclusiva e estratégica. “E ainda tem todo o desafio de mudar essa cultura das empresas, porque o número de vagas [50+] ainda é pequeno”.  afirmou durante o MaturiFest 2023, evento voltado à longevidade.

O ‘Desafio do etarismo’ aponta ainda que 93% dos profissionais maduros estão buscando recolocação no mercado de trabalho. Menos de 30% são aposentados e 47% estão desempregados ou sem ocupação que gere renda. A maioria está insatisfeita com sua posição atual (73%) e cerca de 30% são os chamados “nem-nem maduro”, pessoas que não estão trabalhando e não são aposentadas.

Litvak aponta que a dificuldade de inserção no mercado de trabalho pode ser autoimposta, com indivíduos se considerando “velhos” para procurar emprego. Ele menciona o fenômeno do “autoetarismo”, onde as pessoas têm preconceitos contra a própria idade, se veem como “velhas” e acreditam que aprender algo novo é para os jovens. Litvak argumenta que esse autopreconceito é um erro, pois as pessoas estão vivendo mais tempo hoje em dia e não devem se limitar. Pelo contrário, a experiência acumulada pode ser um grande diferencial.

Ele também observa que o mercado de trabalho brasileiro ainda não está preparado para a crescente demanda resultante do envelhecimento da população e do aumento da expectativa de vida. O estudo conclui enfatizando a necessidade de uma maior inclusão de profissionais com 50 anos ou mais no mercado de trabalho e os desafios que as empresas enfrentam para alcançar esse objetivo.

Em 2023, a Maturi realizou um novo levantamento, desta vez com 4.840 pessoas cadastradas em sua base a respeito de sua visão sobre o mercado de trabalho e sobre si mesmos. Com base nas informações destas duas pesquisas, foi produzido um estudo que buscou evidenciar as barreiras do mercado formal de trabalho.

Os principais resultados dessa análise feita pela EY e Maturi foram:

 

1 Há uma lacuna crescente entre a necessidade de recolocação e o apetite das organizações em recolocar 50+;

2 Quase todos os maturis buscam recolocação, incluindo aposentados e quem está feliz com sua ocupação atual;

3 As pessoas 50+ estão preparadas para reingressar no mercado formal de trabalho;

4 A postergação da aposentadoria é inevitável;

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