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Conheça Nikko Kali, artista plástico longevo que vai estar no Salão do Móvel de Milão 2025

29 de Novembro de 2024 | Larissa Gabriel Alvares

Nikko Kali | Créditos: Arquivo pessoal

Com extensa carreira na Europa, Nikko produz obras a partir de pedras preciosas e já teve trabalhos avaliados em mais de 100 mil euros

Ele esteve no primeiro voo tripulado entre Miami e São Paulo quando fazia parte da tripulação da Transbrasil, também se formou em Gemologia, mas se encontrou mesmo na arte. Nikko Kali, 67, é artista plástico paulistano e se destaca pela técnica de utilizar pigmentos retirados de pedras preciosas para compor suas obras.

Nikko estará como expositor no Salão do Móvel de Milão 2025, considerado o principal evento internacional da indústria do design. Ainda na edição deste ano, o artista participava da feira como convidado. Mas não é por aí que se esgotam os trabalhos do longevo.

Carreira

Nascido em São Paulo, Nikko vive em Paris desde 1984. Em terras francesas, concluiu um mestrado em Gemologia pelo Instituto Nacional de Gemologia e um bacharelado em História da Arte pelo Museu Nacional de História Natural. Alcançado o sucesso, ele decide dedicar-se exclusivamente a esta arte, combinando seus conhecimentos em gemologia. Este amante das cores, sem as quais não pode viver, só usa pigmentos puros que extrai moendo pedras preciosas, plantas e metais preciosos e por vezes usando ferramentas de joalheria.

Um dos mentores de Nikko em sua jornada foi o pintor pernambucano Cícero Dias, cujo nome é um dos principais na composição do modernismo brasileiro. Cícero, por sua vez, foi aprendiz de Pablo Picasso.

Imaginação vibrante

O artista conta como a infância foi um período importante em seu desenvolvimento pessoal:

Durante  esse período tinha uma imaginação vibrante, uma curiosidade natural e uma vontade de experimentar e explorar o mundo ao meu redor. Isso me influenciou significativamente no meu processo criativo de várias maneiras, seja explorando novas ideias, brincando com diferentes materiais e descobrindo novas formas de expressão. Essa fase de exploração e descoberta foi crucial para o desenvolvimento de habilidades criativas, assim como o exercício da imaginação e diferentes formas de expressão que experimentei, seja através da arte, da música, do movimento, dos minerais ou da escrita. Essas experiências de expressão criativa foram moldando o meu processo criativo de criança que influenciaram minhas escolhas artísticas no futuro”, detalha o artista, que também é escultor e mosaicista.

Aos oito anos, começou a pintar, mas obteve reconhecimento somente aos 30, quando vendeu a obra “Como é bom amar e ser amado” a um colecionador que a arrematou por mais de 100 mil euros, que equivalem a R$ 538.444,83 na cotação atual.

Ecos do crepúsculo, por Nikko Kali. 100 x 100 cm. Mista sobre linho, 2020.

Surrealismo e simbolismo

Nikko viajou por bibliotecas e estúdios de arte para aprender e compreender técnicas antigas de trabalho com minerais, lacas e cores. Sempre maravilhado com as possibilidades que o surrealismo e o abstrato lhe oferecem, sem focar nesta corrente e inspirar-se na história da arte universal, Nikko Kali evoca prontamente Tàpies, Miró, Rothko, J. Jenkins, Chagall e Kandinsk, seus mestres, enquanto explora a sobreposição de materiais, a técnica de cores e o simbolismo, integrando culturas antigas em suas obras.

Incorporo uma variedade de simbolismos em minhas obras para transmitir mensagens,  explorar temas e provocar reflexões. Alguns exemplos comuns são cores específicas, amo cores e uma cor que é particularmente significativa pra mim é o azul ultramarino, mas também os quatro elementos: terra, água, fogo e o ar”, explica.

Jardin de Majorelle, por Nikko Kali. 100 x 100 cm. Mista sobre linho, 2023.

A obra “Jardin de Majorelle” em específico, é inspirada no pintor francês Jacques Majorelle, que, ao se mudar na década de 30 para Marrakech, cidade em Marrocos, pintou sua casa em tom intenso de azul, que se destacou na região, já que todas as construções da época eram vermelhas ou em cores terrosas, pelo deserto.

Sobre o prestígio alcançado após uma longa trajetória, Nikko expõe que a visibilidade foi importante para continuar na carreira apesar das dificuldades: “O reconhecimento validou minha expressão artística, proporcionando-me um senso de realização e confirmando o valor de minhas obras. Me motivou a continuar explorando novas ideias, desenvolvendo minha prática artística e expandindo meus horizontes criativos”, conclui.

Exposições

Recentemente o artista realizou uma exposição individual no Palácio das Artes, na Praia Grande, que aconteceu de 27 de setembro a 27 de outubro, e foi destaque pelo seu jeito único de compor. Outra exposição que contou com a participação de Nikko foi a CASACOR, Mato Grosso, que recebeu três obras do artista durante todo o evento. A exposição, que iniciou em outubro, ainda está aberta ao público, e se encerra em 8 de dezembro.

Nikko e sua obra de conscientização do serrado que está exposta na CASACOR | Créditos: Arquivo pessoal

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