Pouca flexibilidade está relacionada com morte precoce, aponta estudo

2 de Setembro de 2024 | Larissa Gabriel Alvares

um idoso de pele branca usa roupas de ginástica e se alonga

Crédito: Pexels – SHVETS production

Em parceria com clínica brasileira, pesquisas analisaram a relação entre exercícios não aeróbicos com a mortalidade

Nesse mês de agosto, um estudo publicado no periódico acadêmico Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports revelou o quanto a falta de flexibilidade está relacionada com a morte precoce. O trabalho, realizado na Clínica de Medicina do Exercício (Clinimex), no Rio de Janeiro, em parceria com instituições do Reino Unido, Estados Unidos, Finlândia e Austrália, reuniu dados de 3.139 homens e mulheres com idades entre 46 a 65 anos.

O acompanhamento com os indivíduos durou cerca de 12 anos, e os profissionais avaliaram a performance dos participantes por meio do Flexiteste, onde eram passados 20 movimentos articulares que envolviam coluna, quadris, joelhos e outras partes do corpo.

Ao longo do estudo, 302 pessoas (sendo 224 homens e 78 mulheres) morreram. Após excluírem os óbitos por covid-19 ou causas externas, foi constatado que a flexibilidade se mostrou inversamente proporcional com a mortalidade em ambos os sexos. Também foi analisado como os movimentos articulares tendem a diminuir com o avanço da idade, e como as mulheres tendem a ser mais flexíveis que os homens. As mulheres são cerca de, nesse aspecto específico, 15 anos mais jovens que os homens.

Segundo os dados compilados no estudo, homens com baixos índices de flexibilidade tinham 1,87 vezes mais risco de morrer quando comparados aos participantes que obtiveram bons resultados na avaliação do Flexiteste. Para mulheres, o risco observado foi de 4,78 vezes.

Já é comprovado o quanto exercícios físicos são benéficos para a longevidade do indivíduo. No entanto, apesar do estudo ter observado a relação entre flexibilidade e a longevidade, ainda não foi possível encontrar a causa (ou seja, o porquê) dessa correlação.

Ainda, o artigo possui um parágrafo dedicado a explicar as limitações do estudo (vide capítulo 4.4). Nele, é exposto qual grupo etnico e sócio-econômico foi acompanhado no processo (caucasianos de alta classe econômica e social, com altos níveis de escolaridade), e como é necessário ter cuidado antes de extrapolar os dados para diferentes grupos e faixas-etárias. Também foram incluídas as variáveis que não foram exploradas no processo mas podem ter afetado os resultados, como a alimentação ou fatores psicológicos dos indivíduos.

Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada a vigorosa por semana. O que, dividido em cinco dias úteis, resulta em cerca de 30 minutos de atividade física por dia.

Dicas para aumentar a flexibilidade após os 60 anos

A equipe da The Silver Economy entrevistou a fisioterapeuta Patricia Santana (CREFITO 86143-F) para dar dicas e tirar algumas dúvidas sobre aumentar a flexibilidade após os 60 anos, confira abaixo a entrevista na íntegra:

–  Para quem é sedentário e tem mais de 50 anos, por onde começar a praticar atividades físicas?

Um bom começo é caminhar pelo menos 15 minutos por dia. Pode ser na rua, numa praça, mas sem fones de ouvido, com calçado adequado e procurando prestar atenção no corpo. Depois, aumentar gradativamente até chegar 30 minutos por dia.

–  Há comprovação de algum horário que o corpo reaja melhor aos estímulos?

Horário para atividade física é muito pessoal. Depende da rotina e do ritmo de cada um. Há quem prefira começar o dia com exercícios para dar mais disposição e quem relaxe e durma melhor depois de praticar um esporte ou fazer musculação à noite. Eu por exemplo, prefiro uma pausa na hora do almoço para fazer minha ginástica e volto renovada para trabalhar o resto do dia.

– Quais atividades podem ajudar a aumentar a flexibilidade de pessoas 60+?

Yoga e Pilates são atividades bastante indicadas para ganhar flexibilidade, mas é interessante incluir alongamentos conscientes nos movimentos do dia a dia. Abotoar o sutiã levando as mãos nas costas, calçar as meias e os sapatos buscando alcançar os pés, pegar o livro na prateleira mais alta sem usar uma banqueta… Para isso é preciso estar atento e presente nos movimentos, para não correr o risco de se machucar ou causar acidentes.

–  Quanto tempo e com que frequência semanal a flexibilidade deve ser estimulada?

Se possível, diariamente. Espreguiçar-se antes de sair da cama já é um pequeno alongamento que banha o corpo por dentro e lubrifica as articulações e tecidos. Ter uma sequência de três a cinco movimentos que podem ser feitos ainda deitados pode mudar a qualidade e disposição para o dia, e não leva mais de 10 minutos. Precisamos de pelo menos 150 minutos semanais de atividades incluindo alongamento, aeróbico e força, segundo a OMS, o que dá 30 minutos divididos em 5 dias.

– Quais hábitos devem ser evitados por quem quer aumentar a flexibilidade?

Ficar horas sem se mover. Quanto menos movimento, maior o encurtamento. Não era pra sair uma rima, mas saiu.

– Quais esportes aumentam a flexibilidade?

Natação, hidroginástica, pilates, yoga são alguns dos esportes que ajudam a dar mais mobilidade e fluidez ao corpo.

– Exercicios não-aerobicos podem substituir os benefícios do treinamento intenso (aeróbico) para pessoas +60?

Eu desconheço. Musculação, treino metabólico e de flexibilidade são essenciais para quem quer uma longevidade com mobilidade e independência. Dança, treino funcional, corrida, são algumas das possibilidades. É importante encontrar uma atividade que traga prazer. Seja no esporte escolhido, nas companhias de prática ou até mesmo no cafezinho pós-treino. Para viver mais e viver bem, mover-se, de preferência com consciência, é fundamental.

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