Maduros no mercado de trabalho: o cenário da empregabilidade de pessoas 50+

17 de Setembro de 2024 | Larissa Gabriel Alvares

Homem maduro assina prancheta durante trabalho | Créditos: Pexels – Burst

Programas de inclusão fomentam a inserção de maduros e atuam para combater o etarismo no mercado de trabalho

Em 2023, o Brasil tinha 100,7 milhões de profissionais ocupados, ou seja, pessoas que exercem atividade profissional (formal ou informal, remunerada ou não) durante pelo menos 1 hora completa na semana de referência da pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados do Instituto, divulgados em junho de 2024, representam o maior patamar da história.

Outras pesquisas do próprio IBGE mostram que a taxa de desemprego geral entre todas as faixas etárias ocupadas recuou 1,8 ponto percentual e fechou 2023 em 7,8%, o menor nível registrado desde 2014. Tais divulgações instigam a pensar nas pessoas longevas no mercado de trabalho, se houve uma maior inclusão e participação deste grupo, ou se o mercado ainda é velado por estereótipos e preconceitos.

O site da Pontotel publicou uma análise em que compilava dados sobre os desafios e as oportunidades dos idosos no mercado de trabalho. Entre eles, separamos um que indica a redução do nível de ocupação por grupos em 2022, que abrange justamente a faixa-etária:

Conforme dados obtidos pelo IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, houve mudanças no nível de ocupação por grupos de idade entre 2012 e 2022: o grupo de idosos teve redução de 22,4% para 21,0%. Junto a isso, analisando o percentual de pessoas fora da força de trabalho no 1º trimestre de 2022, este grupo representa 38,1%“, segundo comunicado da empresa de pontos.

O envelhecimento da população pode estar atrelada com o número de idosos no mercado de trabalho. No entanto, existem diversos outros fatores responsáveis por influenciar esse número, como por exemplo a quantidade de oportunidades e preferências etárias de cada companhia.

Desafios de transição de carreira ou até mesmo entrada no mercado de trabalho faz com que muitos longevos recorram ao empreendedorismo. Ao entrar nesse cenário, nos deparamos com a economia prateada. Responsável por movimentar R$ 2 trilhões anualmente somente no Brasil, segundo a consultoria Data8, a economia prateada é definida como conjunto de atividades econômicas voltadas para atender as necessidades de pessoas com mais de 50 anos, que possuem padrões de consumo bem definidos.

A equipe do The Silver Economy já compilou 4 cases de empresários de sucesso que são ativistas no fomento à longevidade para você conhecer e se inspirar.

Nesta matéria abordamos alguns fatores sociais que colaboram para a exclusão de pessoas maduras no mercado de trabalho, bem como os benefícios que a diversidade etária pode trazer para as empresas:

O etarismo e preconceito de contratantes

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o etarismo consiste no preconceito, na intolerância, e na discriminação contra pessoas com idade avançada. Esse é um fator crucial presente em algumas empresas que impedem a entrada de pessoas longevas no mercado de trabalho. Muitas vezes, pessoas com mais de 50 anos são desclassificadas de vagas de emprego simplesmente pela sua idade.

Outros preconceitos que podem ser analisados pelo senso comum, decorrentes de suposições estereotipadas, que são prejudiciais para o fomento da diversidade etária nas empresas, são:

– Supor que maduros não tem envolvimento ou conhecimento com tecnologia ou plataformas digitais;

– Supor que maduros não tem capacidade de aprender coisas novas sobre outras carreiras ou realizar transições de setor no mercado de trabalho;

– Supor que maduros não estão abertos a discussões e troca de ideias que abrangem diferentes pontos de vista, assim como a interação com pessoas de diferentes faixas etárias;

– Supor que maduros devem ser condicionados a uma sobrevivência preventiva, uma vez que são mais vulneráveis a ter problemas de saúde.

Programas de inclusão

Para promover a inclusão de pessoas 50+ no ambiente de trabalho, algumas empresas desenvolveram programas e plataformas para fomentar a intergeracionalidade. Um dos exemplos que podem ser citados é a plataforma pioneira de recrutamento e seleção, Maturi. Desde 2015, a Maturi apoia as estratégias de diversidade etária e geracional das organizações, levando capacitação sobre as mudanças demográficas da força de trabalho e atraindo profissionais 50+ para as equipes.

Outras grandes multinacionais como a Unilever, por exemplo, criaram um programa específico para contratar profissionais com mais de 50 anos. Votorantim, Gol e Vivo também têm implementado programas voltados para a contratação de aposentados.

Em âmbito legislativo, foi apresentado na Câmara dos Deputados, em setembro de 2024, o Projeto de Lei 1893/24, que cria o Selo Parceiro da Pessoa Idosa para identificar empresas que tenham, pelo menos, 5% dos funcionários com mais de 60 anos. O selo será concedido pelos conselhos dos direitos da pessoa idosa e terá validade de três anos. Segundo a Agência Câmara de Notícias, a proposta ainda está em análise.

Intergeracionalidade enriquecedora

A interação e o convívio de pessoas de diferentes faixas etárias em uma mesma empresa apresenta uma série de benefícios para todos os envolvidos. As companhias conseguem obter uma visão plural dos consumidores e do público quando essa diversidade é traduzida em sua equipe. Juntos, os jovens e maduros trabalham a socialização, que gera aprendizagem devido ao convívio. Além da contribuição da socialização para a saúde mental de pessoas longevas, por reduzir o isolamento e o preconceito, os mais jovens começam a compreender o envelhecimento como um processo natural e enriquecedor.

Transição de carreira na maturidade

Lançada em 2024, a pesquisa intitulada Mudança de carreira na maturidade, foi desenvolvida pela consultoria Noz Inteligência e pela plataforma Maturi. Os dados, coletados de maneira online e voluntária, tiveram mais de 2 mil respondentes, com idade entre 43 a 82 anos. Dentre eles, 67,8% estão em diferentes estágios de planejamento ou de implementação de mudanças em suas carreiras, e 90% consideram ter uma vida profissional mais longeva.

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