01 de Outubro de 2025 | Redação The Silver Economy

Pessoa idosa se exercitando | Ketut Subiyanto – Pexels
Com acompanhamento especializado e hábitos conscientes, idosos conquistam autonomia, bem-estar e qualidade de vida
Não foi um médico, mas um corretor de seguros quem deu o primeiro sinal de alerta sobre sua saúde para o engenheiro civil Abelardo Garcia, que, aos 54 anos, estava acima do peso e focava toda a sua atenção no trabalho. O episódio aconteceu há cerca de dez anos, quando ele buscava contratar um seguro de vida e teve a proposta recusada pela seguradora. O motivo era o risco elevado de morte precoce.
Na época, Abelardo já havia recebido o diagnóstico de pedras na vesícula, mas o cirurgião se recusou a operar diante das condições clínicas apresentadas. Com 120 quilos, hipertensão, pré-diabetes e perfil lipídico alterado, o quadro era típico da chamada síndrome metabólica. “Foram três décadas de dedicação quase exclusiva ao trabalho como engenheiro, sem olhar para mim mesmo. Mas percebi que precisava repensar prioridades ou talvez não vivesse o bastante para conhecer meus netos”, relembra.
O ponto de virada veio com a ajuda do filho, médico, que o encaminhou para acompanhamento especializado no Sírio-Libanês. “Sabia que meu caso exigia uma visão multidisciplinar, mas precisava de alguém para centralizar as informações e coordenar o tratamento”, conta. O primeiro passo foi um check-up completo, que serviu de base para o planejamento de uma rotina onde a saúde teria que ser inegociável.
Montou-se então, um verdadeiro plano de ação, com uma equipe formada por cardiologista, endocrinologista e preparador físico. O processo exigiu disciplina, mas os resultados logo começaram a aparecer. Em cerca de dez meses, Abelardo já havia perdido 25 quilos. O impacto foi imediato, com a melhora nos índices hormonais e do perfil lipídico, pressão arterial controlada sem necessidade de medicamentos e, sobretudo, disposição no dia a dia.
Com o corpo fortalecido, a cirurgia da vesícula foi finalmente realizada, sem intercorrências. A transformação não foi passageira e hoje, aos 64 anos, ele se mantém ativo, resultado da adoção definitiva de hábitos saudáveis. A rotina inclui exercícios aeróbicos e de resistência, caminhadas diárias e práticas de meditação. “Agora tenho clareza de que estou no caminho certo para viver e brincar com os netos – embora meus filhos ainda não estejam colaborando nessa parte”, brinca. E, como símbolo de sua virada, a seguradora que antes negara sua apólice finalmente aprovou o seguro de vida.
Histórias como a de Abelardo reforçam a ideia de que não basta viver mais, é preciso garantir qualidade de vida nos anos extras conquistados. Segundo o IBGE, em 2030, o país terá mais idosos do que crianças. Já em 2060, um em cada quatro brasileiros terá 65 anos ou mais. Já de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 40% dos idosos possuem uma doença crônica e 29,8% possuem duas ou mais, como diabetes, hipertensão ou artrite. Ou seja, ao todo, cerca de 70% dos idosos possuem alguma doença crônica.
“Envelhecer de forma saudável significa manter ou até ampliar as capacidades funcionais, preservando autonomia e bem-estar”, explica a geriatra Naira Hojaij, coordenadora do Núcleo Avançado de Geriatria, do Sírio-Libanês.
De acordo com a médica, quem adota hábitos saudáveis desde a meia-idade tem mais chances de envelhecer sem incapacidades advindas de doenças crônicas. Entre os pilares estão exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada, sono adequado, saúde mental, vínculos sociais e acompanhamento médico .
“O ideal é começar entre os 25 e 40 anos, quando estamos no auge da reserva funcional. Mas nunca é tarde. Mesmo aos 80 ou 90 ainda é possível colher benefícios com mudanças de estilo de vida”, reforça a especialista. E complementa: “A mudança de hábito exige engajamento e persistência. Nosso papel é apoiar cada pessoa a traçar sua própria rota para o envelhecimento saudável, respeitando seus desejos e cada realidade”, finaliza Naira.