24 de Setembro de 2024 | Larissa Gabriel Alvares
Sidneida e Almir Veras, fundadores da empresa Mycroarq | Créditos: Reprodução – Mycroarq
Sidneida e Almir Veras revelam como se reinventaram e adaptaram seus serviços na criação da empresa de organização documental, Mycroarq
O aumento da população longeva no Brasil fez com que o grupo de pessoas com mais de 60 anos representasse cerca de 15,6% da população brasileira em 2023, segundo as Projeções da População, pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O envelhecimento da população nos instiga a pensar no número de idosos no mercado de trabalho, e como alguns desses maduros tendem a se reinventar para continuar atuando.
O empreendedorismo sênior já é uma realidade brasileira, segundo Juliana Lima, analista do Sebrae Rio:
“É a revolução da longevidade. São 172 mil empreendedores com mais de 64 anos no Estado do Rio de Janeiro, mais concentrados nos serviços (55%) e comércio (21%). E parte relevante tem ensino superior, 37%, o que também explica o rendimento maior, acima de cinco salários mínimos“, afirma Juliana Lima, em entrevista à Agência O Globo.
A equipe do The Silver Economy já escreveu uma matéria relacionada aos maduros no mercado de trabalho analisando o cenário de empregabilidade sênior. Na notícia de hoje, levantamos uma empresa carioca fundada por maduros que destrincha a necessidade da adaptação e inovação para se tornar um empreendedor longevo.
Mycroarq: Case de adaptação no mercado de trabalho
A empresa Mycroarq, responsável por oferecer digitalização e gestão documental para negócios, é fruto de uma adaptação aos novos mercados, idealizada pelo casal fundador Sidneida, 64 anos, e Almir Veras, 69 anos. Antes de partir para o empreendedorismo, Almir chefiava o centro de documentação de Itaipu, no Rio de Janeiro. No entanto, houve uma mudança do escritório para o Paraná. O arquivista preferiu continuar no Rio, e assim, começou a empresa do casal.
A princípio, os serviços oferecidos eram basicamente analógicos, como a organização de documentos e microfilmagem, mas com a chegada avassaladora do digital, a microempresa teve que ampliar e se adaptar para sobreviver ao mercado.
Almir revela que a tendência de mudança do analógico para o digital fez com que a empresa mudasse o foco da microfilmagem, partindo para a digitalização. A transição foi difícil e cheia de altos e baixos, mas Sidneida se especializou em Tecnologia da Informação para cuidar dos sistemas, enquanto Almir cuidava da parte prática da documentação.
De acordo com a entrevista feita em 2024, atualmente, a microempresa fatura entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão por ano, e a aposentadoria não está nos planos do casal.
Maturidade e experiência como pilares do empreendedorismo sênior
Apesar do etarismo ainda estar presente na sociedade e no mercado de trabalho, Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH- Brasil), aborda pontos positivos que a maturidade pode trazer para os empreendedores, como a existência de vagas que demandam experiência, o que pode ajudar na recolocação do indivíduo no mercado. Sardinha também ressalta a importância do longevo construir e consolidar uma rede de networking e mostrar-se atualizado em assuntos e tecnologias de sua área.
Sardinha completa afirmando que ter domínio da atividade que pretende investir é fundamental para ter sucesso no empreendimento, pois o empreendedorismo por falta de alternativa eleva o risco do fracasso. Para Sardinha, nesse momento em que se está empreendendo, não se pode ficar fazendo tentativas, uma vez que elas podem custar caro.
O planejamento e a gestão de um negócio também são essenciais para a longevidade da empresa. Em 2024 mais de 1,4 milhão de empresas fecharam suas portas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma que cerca de 50% dos negócios no país não sobrevivem aos três primeiros anos, sendo a má gestão o principal fator, seguido pela alta carga tributária e dificuldades no acesso a crédito.
Juliana, do Sebrae, alerta: “Às vezes, a pessoa tem muito conhecimento de uma atividade, em função do emprego anterior, mas não tem conhecimento como gestor de negócio, não faz um planejamento adequado”, diz ela.