20 de Junho de 2025 | Redação The Silver Economy

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Jakob Alfred encarou sua primeira onda prestes a completar 100 anos, inspirando gerações ao lado do filho, fundador da Ursofrango, marca que aposta no potencial transformador dos esportes radicais
O que você imagina estar fazendo aos 99 anos? Jakob Alfred, suíço-brasileiro que vive no Brasil há mais de duas décadas, decidiu quebrar todas as expectativas e realizar um feito memorável: surfar pela primeira vez. A experiência emocionante aconteceu em uma piscina de ondas, com o apoio do filho, Stefan Santille, idealizador da Ursofrango — marca reconhecida no universo dos esportes radicais e da moda urbana por acelerar carreiras de jovens atletas.
A ideia nasceu de uma conversa despretensiosa. “Enquanto estávamos no clube, meu pai comentou: ‘Queria ter 20 anos a menos para tentar pegar uma onda’. Quando contei isso aos professores de surf, eles se entreolharam, pensaram e aceitaram o desafio”, relembra Stefan. No mesmo dia, Jakob já estava na prancha, encarando sua primeira onda artificial com coragem.
Apesar da idade, o espírito esportivo sempre acompanhou Jakob. “Na época em que trabalhava em escritório, ia de bicicleta. Meus colegas me ultrapassavam de carro com motorista e eu pedalando de terno”, conta, aos risos. O surf, no entanto, era um território inexplorado — até agora.
“Durante minha infância, não tínhamos acesso aos esportes radicais. A primeira vez que ouvi a palavra ‘surf’ foi associada ao Havaí. Nunca imaginei que um dia teria essa chance”, lembra Jakob. A estrutura segura da piscina de ondas e a orientação especializada foram fundamentais para tornar o momento possível e inesquecível.
A prática do surf em piscinas artificiais tem ampliado o acesso ao esporte para pessoas de todas as idades. Essas estruturas simulam condições reais de mar, com ondas controladas que permitem tanto o início quanto o aperfeiçoamento técnico, independentemente do clima ou da localização. O ambiente controlado tem se mostrado ideal para quem deseja começar com segurança — como foi o caso de Jakob. “É maravilhoso ver que a paixão pelo esporte não tem idade. Vai ficar para sempre a experiência como profissional e de vida”, diz Maurício Eyphanio, educador físico e professor de surf que esteve presente orientando Jakob.
Mais do que esporte, um ato de longevidade
A prática de atividades físicas na terceira idade é apontada por especialistas como essencial para a saúde física e mental. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), o exercício regular reduz o risco de doenças crônicas, melhora a mobilidade e aumenta a expectativa de vida. No entanto, apenas 13,9% dos idosos seguem as recomendações mínimas de atividades aeróbicas e fortalecimento muscular.
“É de extrema importância fazer atividade física, principalmente na terceira idade. Além de benefícios ao corpo, proporciona benefícios para a alma, pois com o passar dos anos o envelhecimento provoca progressivamente uma perda estrutural e funcional no organismo do ser humano, gerando perda de massa muscular, consequentemente perda de força, podendo tornar a pessoa dependente e sem autonomia”, explica Diego Piva, profissional de educação física e coordenador do Centro de Referência e Atenção ao Idoso da Universidade de Passo Fundo (Creati/UPF).
O espírito radical não tem idade
Para Stefan Santille, a jornada do pai é mais do que um momento simbólico: é um reflexo dos valores que inspiram seu trabalho com a Ursofrango. “A superação está no nosso DNA. O esporte ensina a cair, levantar, persistir e celebrar. Isso vale para jovens atletas e também para quem, como meu pai, encara a vida com coragem mesmo quase aos 100 anos”.
A marca criada por Stefan vem ganhando destaque no cenário brasileiro por unir moda, atitude e propósito social. Além de vender peças de streetwear voltadas à cultura urbana, a Ursofrango reinveste todo o lucro obtido em seus atletas. Foi assim que nomes promissores do skate e do BMX, por exemplo, encontraram apoio para desenvolver suas carreiras de forma profissional.
Agora, com a aproximação de seu centésimo aniversário, a história de Jakob se junta a outras tantas que mostram que nunca é tarde para experimentar o novo. “Viver quase um século me ensinou que a idade só limita quem deixa de sonhar. Nunca imaginei que surfaria, mas a vida sempre pode nos surpreender — basta estarmos dispostos a tentar”, resume Jakob, com os olhos brilhando como quem acaba de descobrir o mar.