12 de Junho de 2025 | Redação The Silver Economy

Casal de longevos | Crédito: cottonbro studio – Pexels
No Mês dos Namorados, especialistas chamam atenção para os desafios e prazeres de se relacionar na terceira idade
O amor não tem prazo de validade. E cada vez mais pessoas com 60 anos ou mais estão redescobrindo a vida afetiva, iniciando novos relacionamentos ou fortalecendo vínculos duradouros. No entanto, mesmo com o crescimento da população longeva no Brasil, os relacionamentos na terceira idade ainda enfrentam tabus — e muitas vezes, são marcados por abusos silenciosos e pouco discutidos.
Segundo o IBGE, o Brasil tem mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, e muitos desses indivíduos buscam, sim, novas conexões afetivas e sexuais. Além de representar uma nova fase de descobertas e companheirismo, os relacionamentos maduros também trazem diversos benefícios para a saúde emocional e física. Pesquisas como o Study of Adult Development (Estudo de Desenvolvimento Adulto, em livre tradução), conduzido desde 1938 pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, mostram que manter vínculos afetivos estáveis pode reduzir o risco de depressão, fortalecer a autoestima, ampliar a rede de apoio e até mesmo contribuir para o envelhecimento saudável e ativo, sugerindo como a socialização se torna um fator bastante benéfico.
“Relacionar-se faz bem. O afeto, o toque, a convivência e o sentimento de ser importante para alguém são fundamentais em qualquer fase da vida. E na maturidade, podem ser ainda mais valiosos. O amor pode ser uma força que impulsiona o cuidado com a saúde, o bem-estar e a vontade de viver”, explica o psicólogo Francisco Carlos Gomes, especialista em envelhecimento.
No entanto, ele alerta que nem todos os relacionamentos são saudáveis. “Entre os idosos, há casos de violência emocional, chantagem afetiva, controle financeiro, isolamento social e relações marcadas por dependência. Tudo isso também é violência”, afirma.
Para o especialista comportamental Jotta Junior, também cofundador do canal Longidade, é preciso quebrar o tabu de que o idoso deve apenas cuidar dos outros ou viver em solidão. “Existe um imaginário social que infantiliza ou invisibiliza o idoso no campo afetivo. Muitos são tratados como se não tivessem mais o direito de se apaixonar, namorar, desejar. Isso é uma forma de etarismo que gera culpa, vergonha e repressão”, diz.
Ambos reforçam que é possível viver relações amorosas maduras, saudáveis e enriquecedoras após os 60 — e que a sociedade precisa enxergar o envelhecimento de forma mais positiva e livre de preconceitos. E complementam que vale também o alerta para quando essas relações também não são seguras ou saudáveis, situações que existem em todas as gerações.