Criatividade posterga envelhecimento, de acordo com pesquisa

15/12/2025 Por Redação The Silver Economy

Créditos: Horsche – Pexels

Por décadas, completar 60 anos foi visto como o início da velhice, um marco que simbolizava declínio físico, redução da produtividade e aproximação da dependência. Mas a ciência contemporânea está desmontando essa narrativa, principalmente com áreas relacionadas às artes.

De acordo com Carlos Coronel, pós-doutorando no Latin American Brain Health Institute da Universidad Adolfo Ibáñez e Agustín Ibáñez, professor de saúde cerebral global no GBHI da Trinity College, conforme artigo publicado no The Conversation, uma análise com 1.467 pessoas de diferentes países, tendo modelos chamados de “relógios cerebrais”, foi possível comparar a idade cronológica dos participantes com a idade biológica estimada de seus cérebros.

Durante a pesquisa, todas as práticas criativas, como dança, música, artes visuais e videogames de estratégia, estavam associadas a um envelhecimento cerebral mais lento. E quanto maior a experiência, maior o benefício. “Registramos a atividade cerebral deles usando técnicas chamadas magnetoencefalografia e eletroencefalografia. Elas podem ser usadas para medir a atividade cerebral em tempo real. Em seguida, treinamos modelos de computador (modelos de aprendizado de máquina) para criar um relógio cerebral para cada participante. Os modelos podem ser treinados em menos de uma hora. O desafio foi coletar os dados – da Argentina à Polônia – de centenas de participantes. Isso seria impossível sem a colaboração de muitos pesquisadores e institutos em todo o mundo. Então, usamos os relógios cerebrais para prever a idade de cada pessoa a partir de seus dados. Se a idade cerebral prevista de alguém fosse menor do que sua idade real, isso significava que seu cérebro estava envelhecendo mais lentamente. Por fim, usamos algo chamado modelagem biofísica. Esses modelos são “cérebros digitais”, e usamos esses cérebros virtuais para entender a biologia por trás da criatividade”. 

Os pesquisadores descobriram que em todas as áreas criativas, o padrão foi surpreendentemente consistente: a criatividade estava ligada a um cérebro com aparência mais jovem. Os dançarinos de tango, por exemplo, apresentaram cérebros que pareciam mais de sete anos mais jovens do que sua idade cronológica. Músicos e artistas visuais tinham cérebros cerca de cinco a seis anos mais jovens. Os jogadores, cerca de quatro anos mais jovens.

“Quanto mais as pessoas praticavam sua arte, mais forte era o efeito. E não importava que tipo de arte fosse. Podia ser dança, pintura, música ou jogos. Todas ajudavam áreas-chave do cérebro a trabalharem melhor juntas. Essas áreas, importantes para o foco e o aprendizado, geralmente envelhecem primeiro, mas a criatividade parece manter suas conexões mais fortes e flexíveis”.

É possível afirmar que o envolvimento artístico pode retardar o envelhecimento cerebral e esta pesquisa nos ajuda a reimaginar o papel da criatividade na educação, na saúde pública e nas sociedades em envelhecimento, inclusive ampliando a compreensão do envelhecimento saudável além da prevenção de doenças. Ela destaca a criatividade como um mecanismo escalável, acessível e profundamente humano para sustentar o bem-estar cognitivo e emocional em diversas populações e fases da vida.

“Portanto, se você está se perguntando se ser criativo é “bom para você”, a resposta parece ser “sim”. Cientificamente, mensuravelmente e de forma belíssima. Seu próximo passo de dança, pincelada ou nota musical pode ajudar seu cérebro a permanecer um pouco mais jovem”, afirmam os especialistas.

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