Menopausa e carreira: como os sintomas impactam o desempenho da mulher no ambiente de trabalho?

08 de Agosto de 2025 | Redação The Silver Economy

Crédito: Vlada Karpovich – Pexels

Especialista alerta para os efeitos físicos e emocionais da menopausa no cotidiano profissional e defende políticas mais inclusivas nas empresas

A menopausa, fase natural da vida da mulher, ainda é um tema cercado de tabus, especialmente no ambiente corporativo. Mas seus efeitos vão muito além das mudanças hormonais. Fadiga, insônia, alterações de humor, dificuldade de concentração, ondas de calor e até lapsos de memória são sintomas que podem comprometer significativamente o desempenho no trabalho. 

De acordo com a Dra. Eliana Nahas, ginecologista e parceira da Exeltis Brasil, estudos recentes mostram que cerca de 65% das mulheres relataram prejuízo em suas atividades profissionais durante a menopausa, com destaque para sintomas como fadiga, distúrbios do sono e alterações de humor. “Esses sintomas não apenas impactam a produtividade, mas também influenciam a capacidade de tomada de decisão, o relacionamento com colegas e o equilíbrio emocional no dia a dia corporativo”, afirma. 

A fase de maior intensidade dos sintomas costuma ocorrer entre os 45 e 55 anos, durante o período da transição menopausal ou perimenopausa. No entanto, cada mulher vivencia esse processo de forma única, sendo influenciada por fatores genéticos, étnicos, culturais e até pelo tipo de trabalho desempenhado. “Há mulheres que enfrentam a menopausa de forma precoce, por razões naturais ou tratamentos oncológicos, e essas costumam ter sintomas ainda mais abruptos e severos”, explica a médica. 

Segundo a ginecologista, entre os efeitos mais debilitantes estão os sintomas vasomotores — como as ondas de calor e suores noturnos — que atingem cerca de 80% das mulheres nessa fase. Eles afetam diretamente o sono, o bem-estar físico e mental e, consequentemente, o rendimento profissional. “A insônia leva à fadiga e baixa concentração; as ondas de calor provocam desconforto e perda de foco, enquanto a ansiedade impacta decisões e estabilidade emocional. Uma porcentagem das mulheres chega até a se afastar do trabalho”, ressalta. 

Ambiente acolhedor é responsabilidade das empresas e lideranças

Apesar da relevância do tema, muitas colaboradoras ainda enfrentam esse momento sozinhas, sem apoio institucional. A falta de preparo das lideranças e a ausência de políticas de saúde ocupacional voltadas à menopausa contribuem para o silêncio e o isolamento de muitas mulheres no ambiente profissional. 

Os gestores deveriam ser treinados para acolher toda essa demanda das mulheres na menopausa e oferecer suporte respeitoso. Já as empresas precisam tratar o tema como uma pauta de saúde”, pontua a médica. Ajustes simples, como melhor ventilação nos espaços, flexibilização de horários, vestimentas mais confortáveis e acesso facilitado à saúde ocupacional, podem fazer toda a diferença. Além disso, a criação de canais de escuta e o incentivo a uma cultura mais aberta e inclusiva são fundamentais para a permanência e valorização desses profissionais. 

“Sociedades médicas internacionais, como a IMS (International Menopause Society) e a NAMS (North American Menopause Society), além da Associação Brasileira de Climatério (SOBRAC), já vêm se posicionando nesse sentido. A recomendação é que o tema da menopausa seja incorporado às políticas de diversidade etária, equidade de gênero e bem-estar no trabalho”, pontua. 

Informação, tratamento e autocuidado são aliados da produtividade

De acordo com a Dra. Eliana, o acesso à informação e a tratamentos adequados é essencial para atravessar essa fase com mais qualidade de vida. A terapia hormonal (TH) é considerada o tratamento mais eficaz para os sintomas da peri e pós-menopausa, com impactos positivos sobre o sono, o humor, a cognição, a sexualidade e a produtividade. “O tratamento precisa ser individualizado, e há opções seguras também para mulheres com contraindicações, como medicamentos não hormonais, terapias comportamentais e mudanças no estilo de vida”, explica. 

A médica também reforça que preparar-se para esse momento começa com informação de qualidade, acompanhamento profissional e abertura ao diálogo. “É fundamental cultivar hábitos saudáveis, manter redes de apoio e conversar com gestores sobre possíveis necessidades. A menopausa não é o fim da vida produtiva — com suporte adequado, ela pode ser vivida com saúde, dignidade e protagonismo profissional”, conclui.

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