Fundação Dom Cabral lança estudo sobre diversidade e longevidade na pauta dos investimentos sociais privados

02 de Julho de 2025 | Redação The Silver Economy

Crédito: Reprodução Fundação Dom Cabral

A idade é a única experiência universal de diversidade, mas ainda passa despercebida em muitas estratégias inclusivas. Apesar de avançar, o Fundo do Idoso é um mecanismo poderoso, mas ainda subaproveitado, dentro dessa agenda

O FDC Longevidade é uma iniciativa pioneira na geração e disseminação de conhecimento, nascida da união entre educação e longevidade, que está lançando a sétima publicação sobre o tema. O estudo conecta diversidade e investimento social ao cenário da longevidade, uma pauta de extrema relevância, uma vez que, até 2070, o Brasil pode ter 75,3 milhões de pessoas com mais de 60 anos (38% da população).

Apesar de desafios e recuos em relação à diversidade, que foram iniciados em 2023 e 2024, principalmente nos Estados Unidos, o Brasil parece estar na contramão. Segundo dados da Blend Edu, por exemplo, realizado no final do ano passado, 46% das empresas pesquisadas aumentaram seus orçamentos de DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão). Além disso, novas abordagens estão sendo realizadas para tornar esta agenda mais estratégica e eficaz, com foco em trazer resultados concretos para as iniciativas de DEI, com impactos concretos e alinhados aos negócios das empresas e de seus investidores.

DiversIDADE

O levantamento do FDC Longevidade faz essa brincadeira semântica com a palavra diversIDADE para convidar os leitores a pensarem que, se ela já ocupa um espaço nas discussões estratégicas, é hora de ampliar essa visão para um dos marcadores universais, mas paradoxalmente invisível: a idade.

No Brasil, a inclusão geracional tem avançado, mas ainda há um longo caminho a percorrer. “O envelhecimento é diverso e exige olhar interseccional: marcadores como gênero, raça e classe social impactam essa jornada. Mulheres idosas recebem menos aposentadoria, negros têm menor expectativa de vida e idosos LGBTQIAPN+ enfrentam isolamento”, explica Michelle Queiroz, professora da Fundação Dom Cabral e coordenadora do FDC Longevidade.

Alguns números traduzem essa diferença: no Brasil, 47% das mulheres 50+ sentem-se descartadas pelo mercado de trabalho versus 39% dos homens 50+ (fonte: Data 8, 2021) e apenas 11% da população indígena brasileira tem 60 anos ou mais, enquanto, na população geral do país, esse percentual supera os 16% (Fonte: IBGE, 2022).

Envelhecimento como oportunidade

Mas o envelhecimento se destaca, não apenas como um desafio, mas também como uma oportunidade. A intergeracionalidade impulsiona inovação e crescimento: empresas que valorizam a diversidade etária são mais inovadoras.

O estudo da FDC aponta 10 casos de iniciativas inovadoras brasileiras e estrangeiras que têm como base a interseccionalidade. Elas desenvolveram soluções para os desafios de uma sociedade mais longeva, como a Associação Seu Vizinho de Belo Horizonte (MG), que resgata memórias culturais com encontros entre mulheres idosas de baixa renda. A iniciativa combate o isolamento e, ao mesmo tempo, valoriza saberes tradicionais. Outro exemplo é o Tandems, que, na Espanha e Luxemburgo, conecta idosos que alugam quartos a jovens que precisam de moradia, reduzindo o isolamento dos 60+ e auxiliando jovens em cidades caras.

O papel do Fundo do Idoso

O Fundo do Idoso cobre uma importante lacuna na agenda de diversidade etária e pode apoiar projetos inovadores e impactantes para a longevidade. Mas talvez por ele ser ele ser um instrumento mais novo, quando comparado às leis de incentivo, que são mais conhecidas e utilizadas, ele ainda é menos utilizado pelos investidores sociais privados, que também vêm diminuindo o uso das leis de incentivo nos últimos anos, além de não priorizarem investimentos dentro do marcador etário.

Mesmo com as quedas recentes, o valor total destinado aos Fundos do Idoso em 2023 foi quase o triplo do início da série em 2015. Cabe destacar que a inflação (IPCA) acumulada no período foi de cerca de 5% ao ano, portanto, foi observado um crescimento real de algo próximo a 9% ao ano.

As doações de pessoas físicas via Imposto de Renda também aumentaram significativamente, especialmente aquelas realizadas diretamente durante o preenchimento da declaração, possibilidade disponível a partir do ano-base 2019 (declarações feitas em 2020).

Dica do estudo da FDC

As empresas podem destinar até 4% de seu imposto devido para a Lei Rouanet, enquanto podem destinar somente 1% do imposto para os Fundos do Idoso. Mas, esses recursos não competem entre si! Uma mesma empresa pode destinar 4% para a Rouanet e, ao mesmo tempo, 1% a um Fundo do Idoso. Apesar disso, em 2023, a Lei Rouanet captou cinco reais para cada um real captado pelos Fundos do Idoso. Se todas as organizações estivessem doando para os dois mecanismos, a proporção deveria ser de quatro para um.

Para ajudar quem quer desenvolver projetos com soluções relevantes para a longevidade, em nosso estudo, reunimos um amplo conjunto de dados, iniciativas e análises. Além de oferecer, para quem deseja captar recursos, informações relevantes sobre como preparar um bom projeto e elaborar um plano estratégico para o uso do Fundo do Idoso”, conta Michelle. 

O estudo recebeu patrocínio do Instituto Votorantim, B3, BrasilPrev, Instituto Unimed, CEMIG, Governo de Minas Gerais, com fomento do Fundo Municipal do Idoso e da Prefeitura de Belo Horizonte, com parceria técnica da Data 8. O material na íntegra pode ser acessado pelo site.

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