11 de Fevereiro de 2025 | Larissa Gabriel Alvares

No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. | Créditos: Divulgação – Maria Paula Garcia
Segundo projeções do Monitor Global de Empreendedorismo 2023, o cenário de empreendedorismo brasileiro caminha para ter, majoritariamente, empresas comandadas por mulheres
O mês de março é popularmente conhecido como o Mês das Mulheres. Oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970, o dia 8 de março, marcado como Dia Internacional da Mulher, simboliza a luta histórica das mulheres por igualdade por meio de manifestações, greves e comitês.
Segundo projeções do Monitor Global de Empreendedorismo 2023 (Global Entrepreneurship Monitor – GEM), o cenário de empreendedorismo brasileiro caminha para ter, majoritariamente, empresas comandadas por mulheres. O público feminino responde, atualmente, por 54,6% do empreendedorismo potencial. A pesquisa foi feita junto a pessoas que têm a intenção de empreender, no espaço de três anos.
Nesta temporada, a equipe do The Silver Economy entrevistou líderes femininas no mercado da longevidade para você conhecer e se inspirar com as histórias.
Carla Moussalli e Marcia Cunha - Plenapausa

Da esquerda para direita: Carla Moussalli e Marcia Cunha | Créditos: Divulgação
Marcia Cunha, 42 anos, e Carla Moussalli, 34, são cofundadoras da femtech Plenapausa, uma startup que, desde 2021, oferece produtos voltados para mulheres no climatério, com o objetivo de aliviar os sintomas da menopausa.
“Empreender como mulher é um caminho desafiador, mas também extremamente recompensador. Ainda enfrentamos barreiras estruturais, desde a dificuldade de acesso a investimentos até o questionamento constante sobre nossa capacidade de liderança. No entanto, vejo uma mudança significativa acontecendo, com mais mulheres ocupando posições de destaque e construindo negócios inovadores”, conta Carla.
As empreendedoras enfrentaram alguns desafios significativos ao entrar neste setor, como promover uma mudança de mentalidade sobre o envelhecimento, desenvolver produtos eficazes e, em paralelo, realizar extensas pesquisas para entender o comportamento e demanda do público.
Em uma das pesquisas realizadas pela empresa, visando captar como 100 mulheres entendiam a menopausa, Marcia conta relatos que a marcaram profundamente: “Eu ouvi coisas como ‘eu me sinto numa vala’, ‘eu me sinto descartada pelo meu marido’, ‘eu não me vejo mais como referência na vida da minha família, dos meus filhos’ […] É bem interessante que, no ano passado, fizemos uma pesquisa com nossas consumidoras e concluímos que mais de 60% delas viam o ambiente familiar como o ambiente mais hostil com relação aos sintomas da menopausa”.
Compartilhar experiências entre mulheres que passaram ou estão passando pelo climatério fez com que Marcia e Carla tivessem mais certeza do seu propósito em ajudar esse público com a Plenapausa.
Para as mulheres que desejam empreender, especialmente no setor sênior, as sócias incentivam a busca pela independência financeira. Para Marcia, é fundamental que surjam mais soluções inovadoras no mercado, capazes de “transformar desafios em oportunidades e impactar positivamente a vida de muitas mulheres”.
“Não subestimem o poder das mulheres maduras. Esse público é ativo, exigente e merece soluções inovadoras que realmente atendam suas necessidades. […] O mundo precisa de mais mulheres à frente de negócios transformadores, que tragam soluções reais para melhorar a vida de outras mulheres”, finaliza Carla.
Viviane Palladino - Mais Vívida

Créditos: Divulgação
Viviane Palladino Donnamaria, 46, é CEO e CMO da Mais Vívida, uma startup de longevidade que recruta e capacita jovens universitários de 18 a 30 anos para auxiliar e ensinar pessoas idosas em atividades relacionadas à tecnologia, como redes sociais, compras online, agendamento de consultas médicas remotas e outros serviços.
Viviane conta que sempre foi uma empreendedora apaixonada por transformação digital, liderança e desenvolvimento humano. Em 2018, por uma inquietação relacionada à saúde e bem-estar de um familiar idoso, ela notou uma lacuna na fase que precede a perda cognitiva: ao parar suas atividades cotidianas os maduros perdiam muito de sua qualidade de vida, muitas vezes ocasionando declínio no quadro de saúde também. Assim, em 2019, fundou a Mais Vívida, com os sócios Filipe Mori e Lilian Glaisse, visando conectar idosos em isolamento social com jovens que buscam um trabalho remunerado e com propósito.
Sobre sua jornada como mulher na criação da Mais Vívida, Viviane notou como a captação de investimentos pode ser desafiadora, justamente pelo mercado de investimento em startups ser predominantemente masculino: “Pensando nisso, eu fundei um coletivo de mulheres empreendedoras chamado Silver Founders. Eu comecei a perceber os desafios que eu tinha, e eles eram similares aos que outras empreendedoras da economia prateada tinham. Sugeri que a gente começasse a se reunir. Já tem um ano e meio dessa iniciativa, já fizemos evento, e hoje temos dez empreendedoras se comunicando numa comunidade no WhatsApp. Também nos encontramos uma vez por mês para discutir os desafios incomum de mulheres que empreendem no nosso mercado”.
Para quem deseja entrar nesse mercado, Viviane aconselha: “A jornada é dura, mas precisa começar de algum lugar. E se você não começar, você nunca vai saber. Então para as mulheres que estão começando ou estão querendo empreender em empresas focadas no público sênior: comece, continue e viva um dia após o outro. Tem muitos desafios no caminho, é uma jornada longa, desafiadora e com muito preconceito em volta da sociedade. Mas se você não fizer, você nunca vai saber”.
A CEO também relata que, ao começar no empreendedorismo sênior agora, existem muitos modelos e cases de empresas já consolidadas que podem ser seguidos no meio da economia prateada. Para Viviane, uma das mulheres que mais a inspiram no setor pela sua forma de trabalho e tratamento aos clientes é Andrea Tenuta: “é uma empreendedora que tem muito a me ensinar com a sua experiência e principalmente habilidades comportamentais, socioemocionais e resiliência no negócio da longevidade”, relata.
Andrea Tenuta - Maturi

Créditos: Divulgação
Andrea Tenuta, 42, é head de novos negócios na Maturi, uma startup que começou em 2015 e visa facilitar a procura e recrutamento em vagas de emprego para pessoas maduras, além de capacitar empresas sobre as mudanças demográficas da força de trabalho e atrair profissionais 50+ para os times no mercado.
A intergeracionalidade foi um marco na carreira de Andrea. Ainda em sua faculdade, ela pode conhecer Regina Medina, uma empreendedora com 25 anos de diferença de Andrea que contribuiu grandemente para seu crescimento pessoal e profissional: “Diariamente conheço mulheres com histórias diversas e conquistas incríveis que me fazem refletir como transformar o mundo com tanta potência na longevidade”.
Andrea destaca que, ao lidar com mudanças de carreira na maturidade feminina, o autoconhecimento e a resiliência são fundamentais, especialmente diante dos preconceitos sociais que ainda persistem: “É uma oportunidade para explorar novos horizontes e alcançar metas pessoais e profissionais. A maturidade carrega a potência de entender o que faz sentido para si. O autoconhecimento é fundamental nesse processo. Infelizmente, o preconceito etário ainda é comum no mercado de trabalho. Mulheres maduras enfrentam mais que homens! Tanto na hora de ser contratada quanto promovida”.
“Se reinventar como mulher madura no mercado de trabalho pode ser um desafio, mas também é uma oportunidade para explorar novos horizontes e alcançar metas pessoais e profissionais. Com flexibilidade, adaptabilidade e uma nova perspectiva, é possível superar os desafios e alcançar o sucesso”, observa.
Neste mês da mulher, a empreendedora parafraseia Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Para ela, a maturidade tem o poder de potencializar a coragem.
Andrea participa frequentemente de palestras sobre inclusão etária, longevidade e inovação. Em 2024, Andrea foi painelista do Delas Summit, um evento do SEBRAE voltado para mulheres que empreendem ou desejam empreender, liderando negócios e times com propósito e determinação.
Na própria Maturi, também são realizadas diversas ações alinhadas à estratégia de cada empresa, como, por exemplo, um programa de contratação de mulheres 40+ para a Comgas, e um programa de capacitação para mulheres empreendedoras 45+ junto ao Grupo Boticário. Recentemente, durante as ações nos eventos internos, foi realizado um quiz para as empresas entenderem quais são boas práticas para um ambiente inclusivo para mulheres maduras. Andrea conta que a intenção das ações é provocar e apoiar o mercado sobre esse tema.