17 de Dezembro de 2024 | Marcos Ferreira*
Marcos Ferreira, especialista em longevidade | Crédito: Mauro Stanichesk
Recentemente, dados divulgados pelo Distrito lançaram luz sobre uma tendência preocupante no cenário de investimentos em startups brasileiras. Em 2023, as startups levantaram US$ 1,9 bilhão em investimentos, uma queda significativa de 56,8% em relação ao ano anterior, quando foram aportados US$ 4,4 bilhões. Essa redução nos investimentos tem levado os fundos a repensarem suas estratégias e a adotarem abordagens mais proativas para garantir o sucesso e a longevidade das empresas investidas.
Com um contexto no qual 80% das micro e pequenas empresas não completam um ano no Brasil e 60% fecham antes dos cinco anos, os fundos de investimento estão cada vez mais cientes da importância de não apenas fornecer capital, mas também de oferecer suporte estratégico e operacional às startups em que investem.
Há cinco anos comecei a investir em startups e a montar meu portfólio. Hoje, entre investimentos e a ocupação como mentor e/ou conselheiro, estou envolvido com 6 startups: 180 Seguros, Let´s Delivery, Silver Hub, Homens de Prata, Vida60Mais e Misyu. Um ponto que particularmente observo ao investir em uma empresa é a motivação que deu origem a empresa. Observo também quão engajados estão os fundadores, a capacidade de tração que terão para escalar e possíveis dores solucionadas. Percebo que estes aspectos vão evoluindo e são aprimorados à medida que mais me envolvo com os empreendimentos e seus fundadores. Costumo dizer que estou construindo minha “Hoja de Ruta”, num aprendizado constante.
Capacidade de resiliência dos sócios é um ponto imprescindível. Com tanta tecnologia disponível, é necessário entender como desfrutar de cada uma delas e saber que é preciso saber pivotar muitas vezes, se adequar, saber entender o potencial que cada cliente tem e, se preciso, fazer projeto piloto para atendê-lo, como validação.
Um dos assuntos que abordo como empreendedor é a longevidade, aliás, parte da minha ocupação está centrada em apoiar empreendedores que estão desenvolvendo produtos e serviços para a população madura. Quanto mais estudo mais me convenço que, neste tema e no âmbito dos negócios, podemos fazer um paralelo entre a essência da Longevidade e as startups e seus fundadores.
De acordo com o Dicionário Oxford, longevidade é considerada a duração da vida. Na medicina moderna, o seu conceito é mais amplo: envolve viver mais e com qualidade de vida. A maioria das pessoas quer viver mais e melhor.
A Longevidade, neste paradoxo, para startups seria justamente a capacidade emergente de sobreviver e prosperar ao longo do tempo, num contexto em que é importante avaliar a taxa de sobrevivência, buscar o crescimento sustentável, analisar impactos, reforçar temas de domínio com foco no público alvo. Além disso, garantir que todos os recursos estejam à disposição é fundamental: saber quem vai estar com você neste barco, seja um sócio complementar, seja um conselheiro, seja sua rede de apoio ou networking. Priorizar o capital humano e recursos faz toda a diferença.
Independente do setor, o networking é uma chave fundamental. Sejam grupos de amigos, participação em cursos ou até mesmo em eventos como o Inova Silver, idealizado pela Silver Hub anualmente, que é uma oportunidade fundamental para expandir contatos e construir parcerias estratégicas no setor. Em um cenário onde o envelhecimento populacional está em ascensão, criar uma rede sólida de relacionamentos com profissionais, empresas e pesquisadores envolvidos no desenvolvimento de soluções inovadoras para a saúde e bem-estar da população idosa pode acelerar a troca de conhecimento, o acesso às novas tecnologias e a colaboração em projetos de impacto. Esse intercâmbio possibilita a criação de oportunidades de negócios, fortalecimento de alianças e a disseminação de ideias que visam melhorar a qualidade de vida e promover o envelhecimento saudável.
A longevidade já existe, é palpável e pode ser vivida de forma estratégica e ativa. É preciso estar atento aos sinais, compreender a fase, entender os momentos de possíveis mudanças, ter uma boa rede de apoio, saber investir, financeiramente, falando – como pode perceber, poderia tranquilamente me referir a vida das startups também. Talvez este seja o principal segredo.
*Marcos Ferreira é investidor Anjo, Especialista em Longevidade e Mercado Securitário. Possui experiência de 32 anos como Executivo na MAPFRE. É um entusiasta do empreendedorismo e um observador ativo dos impactos da longevidade, além de ser um grande incentivador da economia prateada.