18 de Novembro de 2024 | Larissa Gabriel Alvares
Cachorros | Créditos: Secom / Santana de Parnaíba
Estudo realizado no Japão revela que pessoas idosas que possuem cachorros têm um risco menor de desenvolver problemas físicos e cognitivos com o passar dos anos
Não é preciso ir muito longe para encontrar pessoas que tenham histórias tocantes sobre animais de estimação. A companhia de um pet exige uma série de cuidados e responsabilidade por parte do tutor, mas essa parceria também pode trazer diversos benefícios para a saúde mental e física.
Um estudo publicado pela revista científica Plos One revelou que pessoas idosas que possuem cachorros têm um risco menor de desenvolver problemas físicos e cognitivos com o passar dos anos. A pesquisa foi feita no Japão entre 2016 e 2020, e coletou informações sobre a experiência com os animais de estimação de 11.233 pessoas, entre 65 e 84 anos de idade. Durante os três anos e meio, os participantes foram acompanhados e foi analisado o desenvolvimento de deficiências cognitivas e físicas.
Dentro da amostra, 13,8% cuidavam de cães ou gatos; 29,5% relataram já terem convivido com um dos dois animais algum dia; e 56,8% nunca tiveram bichos. Durante o período do estudo, 17,1% dos participantes desenvolveram alguma incapacidade física ou cognitiva e 5,2% morreram. Considerando uma série de variáveis, como sexo, idade e histórico de doenças crônicas, os pesquisadores constataram que os donos de cachorros tinham riscos significativamente menores de apresentar algum declínio em comparação com o grupo de longevos que nunca teve o animal de estimação.
Conforto emocional
Para entender mais sobre esses benefícios, a equipe do The Silver Economy entrevistou a psicóloga Valéria Rodrigues Cassis (CRP 64516). A profissional explicou que, principalmente após os 50 anos, ter um animal de estimação proporciona uma série de benefícios emocionais e psicológicos: “Os animais de estimação oferecem conforto emocional, ajudando a estruturar uma rotina de cuidados que estimula a motivação diária e traz uma forte sensação de propósito, o que é especialmente importante nas fases da vida em que as atividades sociais podem diminuir”.
Esse é o caso de Sonia Maria Rodrigues, 54 anos, que adotou a brincalhona Rihanna. Sonia conta que a cachorrinha levou muita alegria para a família, pois sua filha tinha depressão e seu outro pet (da raça pastor alemão), não era muito ativo, se isolando de interações. No entanto, com a chegada de Rihanna, tanto a filha de Sonia quanto sua outra cachorra tiveram suas vidas transformadas pela alegria e hiperatividade contagiante dela. A família de quatro patas cresceu e hoje em dia a Rottweiler, Pantera, também faz parte das brincadeiras.
Da esquerda para direita: Loba, Pantera e Rihanna | Créditos: Arquivo pessoal – Sonia Maria Rodrigues
Além de aliviar a solidão, os animais de estimação promovem o bem-estar geral e incentivam o cultivo ao cuidado: “Interagir com eles libera endorfinas, hormônios associados ao prazer e ao alívio do estresse, ajudando a reduzir sintomas de ansiedade e depressão”, diz Valéria.
Luciana do Rocio Mallon, 50 anos, relata que sua saúde física e mental foi alterada desde que três gatos filhotes apareceram em seu quintal ano passado: “Como também sou professora de Dança, passei a fazer exercícios perto dos animais, que começaram a participar das atividades de alguma forma. Inclusive tenho vídeos com eles dançando comigo. Toda a vez que sinto ansiedade, chego perto dos gatos, converso e faço carinho. Assim a ansiedade diminui um pouco quando faço isso. Assim que passei a brincar com gatos, minhas crises de úlcera diminuíram”.
Luciana e seu gato | Créditos: Arquivo pessoal – Luciana do Rocio Mallon
Incentivo ao exercício
Um dos pontos mais destacados na pesquisa divulgada pelo Plos One é como as caminhadas que os donos de cães realizam regularmente contribuem com menores índices de desenvolvimento de problemas físicos e cognitivos. A doutora Valéria destrincha os benefícios desse costume: “o incentivo ao exercício, através de atividades como passeios, ajuda a melhorar a circulação, fortalecer os músculos e reduzir o risco de problemas cardíacos. Interagir com o animal de estimação também pode contribuir para a saúde cardiovascular, promovendo a pressão arterial e fortalecendo o sistema imunológico”.
Além disso, a psicóloga explica que atividades de baixo impacto, como a caminhada com o pet, são benéficas para as articulações, pois ajudam a manter a circulação ativa e podem até reduzir os níveis de colesterol.
Animais de assistência emocional
A companhia de um bicho de estimação pode dar um significativo suporte emocional na vida de um indivíduo. O fato é comprovado por profissionais da psicologia, e existem até mesmo leis de outros países que regulamentam a presença dos pets em espaços comuns.
Segundo a farmácia de manipulação veterinária, Fórmula Animal, animais de apoio emocional ou Animais de Assistência Emocional (Esan), como são oficialmente chamados, são animais que ajudam pessoas com problemas psiquiátricos, como ansiedade, depressão e estresse. Eles podem ser cães, gatos, coelhos e até mesmo tartarugas, e atuam para fornecer conforto, apoio e segurança emocional ao tutor.
“Os animais de apoio emocional não são considerados pets terapeutas, nem animais de serviço: seu principal papel é oferecer presença, companhia e afeto, ajudando a tranquilizar o tutor em diferentes momentos e também contribuindo para a independência da pessoa”, segundo site oficial da Fórmula Animal.
Valéria complementa como um animal de estimação pode oferecer companhia e lealdade: “Eles ajudam seus tutores a enfrentar momentos difíceis, fornecendo conforto e estabilidade emocional. Essa presença constante e afetuosa pode ser fundamental para aliviar o estresse e fortalecer a resiliência emocional em várias etapas da vida”.
Unidade Básica de Saúde Animal
Localizada no Jardim Prof. Benoá, interior de São Paulo, a Unidade Básica de Saúde Animal (UBS Animal) de Santana de Parnaíba é uma iniciativa da Prefeitura para atender pets de tutores em situação de vulnerabilidade social. Por causa dela, Sonia e outras pessoas que residem no município e participam de algum benefício ou programa social, podem adotar e cuidar de seus animais.
Entre os procedimentos e consultas disponíveis no Bem-Estar Animal, os animais são castrados, microchipados e recebem coleiras de identificação com QR Code, graças ao Sistema de Saúde Animal (Sispet). O programa de controle com histórico do animal armazena dados como vacinação e exames, e é tutelado pela Prefeitura. Também, o morador que não consegue transportar o seu pet pode receber visitas em casa por meio da unidade itinerante Home Care.
UBS Animal Santana de Parnaíba | Créditos: Secom / Santana de Parnaíba