24 de Outubro de 2024 | Larissa Gabriel Alvares
Laço cor-de-rosa | Créditos: Tara Winstead – Pexels
Exames como mamografia, ultrassonografia e “de toque” são importantes para o diagnóstico precoce das patologias
No mês de outubro, os laços cor-de-rosa tomam conta dos espaços públicos. Com o objetivo de alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, a campanha conscientizadora conhecida como “Outubro Rosa” é um dos meses coloridos do calendário internacional. Recentemente, o câncer de colo de útero também foi incluído neste mês.
Dados divulgados e atualizados anualmente pelo Instituto Protea revelam que 1 em cada 4 mulheres com câncer de mama no Brasil perde a vida, o que resulta em cerca de 50 mortes por dia. Ainda, 75% da população brasileira não tem plano de saúde e depende exclusivamente do SUS para realizar os exames e tratamentos. Em parâmetro mundial, estima-se que uma em cada 8 mulheres no mundo terá câncer de mama.
Só no Brasil, o instituto revelou que a projeção de pessoas que terão diagnóstico de câncer de mama em 2024 será de 73 mil. Reconhecendo a relevância e incidência da patologia na sociedade, promover a educação sobre tal temática é fundamental.
Recorte histórico
Na história, o movimento demorou cerca de dez anos para chegar no Brasil. O começo das manifestações de saúde foi realizado nos Estados Unidos na década de 90 em meio a uma corrida promovida pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, uma ONG que surgiu justamente para melhorar as condições dos tratamentos oferecidos para mulheres que possuem câncer de mama. A organização também foi responsável pela distribuição dos famosos laços cor-de-rosa em meio a uma corrida conscientizadora nomeada de “Race for the Cure”, ou seja, corrida pela cura.
A popularização dos laços, que posteriormente ficariam marcados principalmente pela cor, cresceu gradualmente com a distribuição deles em eventos, iluminações rosadas em prédios e outras pequenas referências pelas cidades. A escolha da cor representa de maneira indireta a saúde e o bem estar. Em convenções populares, acredita-se que pessoas mais coradas são mais saudáveis. Desde a primeira aparição do movimento no Brasil, em 2002 com a iluminação do Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, sua popularização vem ganhando notoriedade e levantando pautas importantes sobre o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo.
Exames e diagnóstico do câncer de mama
A equipe do The Silver Economy entrevistou a oncologista e imunologista Nise Yamaguchi (CRM – 48492), que explicou didaticamente sobre o câncer de mama, seu diagnóstico e exames necessários, também alertando sobre o câncer de colo de útero.
Nise explicou que o câncer de mama acontece quando ocorre um crescimento anormal de células nas mamas. Existe mais de um tipo de câncer de mama, e os mais comuns são o ductal e o lobular. Quando o caso ainda é inicial e precocemente localizado, são chamados de “in situ”. Depois, eles podem se tornar invasivos, migrando para as axilas, para os linfonodos ou para outros órgãos.
A maioria dos casos de câncer de mama não tem uma predisposição genética, porém, Nise pontua que se houver casos de câncer de mama antes dos 35 anos de idade, outras mulheres da família devem fazer uma investigação genética associada a essa paciente. As tendências familiares ocorrem com aproximadamente 20 a 25% dos pacientes.
Um dos exames recomendados para detecção do câncer de mama é o autoexame da mama pelo toque: “O autoexame da mama com o toque deve ser feito em diversos momentos antes da menstruação, durante a menstruação e quando a pessoa para de menstruar. A mulher deve conhecer as suas mamas. […] o exame do toque detecta células já desenvolvidas em tumores ou nodulações maiores. Portanto o exame do toque tem a sua importância, sem dúvida, porque ele direciona a pessoa para que ela possa pesquisar melhor”, conta a doutora.
No entanto, o autoexame sozinho não é o suficiente: “o autoexame da mama não substitui a necessidade de aconselhamento por especialista, e nem a mamografia e ultrassonografia”, diz Nise. A mamografia, em conjunto com a ultrassonografia, detecta alterações iniciais importantes na mama e pode ser crucial para a cura da maioria das pessoas com câncer de mama atualmente, já que, se você detectar inicialmente, o tratamento é muito mais simples e eficiente. A médica conta que a mamografia deve ser feita a partir dos 45 anos, com uma frequência anual.
Sinais de alteração e alerta nas mamas
Segundo o Ministério da Saúde, alguns sinais de alteração na região são inflamatórios que não respondem a tratamentos tópicos (como cremes dermatológicos, por exemplo). Os mais comuns são: retrações de pele e do mamilo que deixam a mama com aspecto de casca de laranja; saída de secreção aquosa ou sanguinolenta pelo mamilo, chegando até a sujar o sutiã; vermelhidão da pele da mama; pequenos nódulos palpáveis nas axilas e/ou pescoço. Outros sinais possíveis são a inversão do mamilo, inchaço da mama e dor local.
Câncer de mama: saiba como reconhecer os 5 sinais de alerta | Créditos: Ministério da Saúde
Exames e diagnóstico do câncer de colo de útero
Com relação ao câncer de colo de útero, Nise diz que é importante prestar atenção em sangramentos, principalmente na relação sexual, odores e secreções persistentes na região pélvica. Os diagnósticos da patologia são feitos através do exame clínico ou através da visualização do colo do útero, da coleta de exames da citologia e eventualmente da biópsia. Tais exames devem ser feitos com a frequência pelo menos de uma vez por ano, mas se houver alguma área de grande prevalência de vírus, eles podem ser feitos até a partir de seis meses. “O acesso rápido ao tratamento pode curar vidas”, reitera a médica.
Trabalhos de Organizações Não Governamentais (ONGs)
Existem certas Organizações Não Governamentais (ONGs) espalhadas pelo país que possuem projetos focados em auxiliar mulheres com câncer de mama. Confira alguns destes serviços abaixo:
– A FEMAMA atua ao lado de ONGs associadas em todas as regiões do país para reduzir os índices de mortalidade pelo câncer de mama no Brasil. Ainda, a ONG possui a campanha “3 Perguntas que salvam” sobre diagnósticos precoces e fatores de risco a fim de prevenir a doença.
- – A ONG é formada por uma equipe de psicólogas, assistentes sociais, pacientes que estão passando ou já passaram pelo câncer de mama e outras simpatizantes da causa. A Associação tem como objetivo melhorar a autoestima e qualidade de vida da mulher através da reabilitação emocional, física e estética.
- – O Instituto Protea nasceu em 2018 para ajudar a arcar com o custo de cirurgias, exames, consultas, radioterapias e quimioterapias contra o câncer de mama para mulheres de baixa renda. A ONG entende que toda mulher tem o direito de receber um tratamento digno, de qualidade e de forma ágil após o diagnóstico do câncer de mama.
- – A ONG tem se dedicado a doar exames de detecção e diagnóstico, capacitar profissionais da área de saúde e fornecer conscientização e informação sobre o câncer de mama para mulheres em todo o Brasil.