21 de Outubro de 2024 | Larissa Gabriel Alvares
Frutas e vegetais sobre a mesa | Créditos: Arina Krasnikova – Pexels
Pesquisas da Sociedade Vegetariana Brasileira revelaram que aproximadamente dez milhões de habitantes no país são veganos
Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), o veganismo é definido como um movimento em que seus adeptos excluem, na medida do possível e do praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais – seja na alimentação, vestuário ou outras esferas do consumo. Já o vegetarianismo é uma escolha alimentar na qual se tira os produtos de origem animal do cardápio.
No Brasil, o número de pessoas veganas e vegetarianas tende a crescer. Em parceria com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) a SVB realizou uma pesquisa que apontou que quase 30 milhões de pessoas se declararam vegetarianas em 2018, o que representa cerca de 14% da população nacional. As expectativas de crescimento para 2023 foram de mais 40 milhões de vegetarianos, o que aumenta a representação para 20% da população nacional. Em relação aos veganos, foi estimado que existem dez milhões de habitantes no país aderem o estilo de vida e alimentação.
Diferente de uma pessoa que já nasceu com uma dieta vegetariana ou vegana, quem pretende mudar a alimentação para uma base 100% vegetal deve tomar alguns cuidados nesta transição, principalmente se tiver a idade superior ou igual a 50 anos. Na matéria de hoje, a equipe do The Silver Economy realizou uma entrevista com a nutricionista Rita Novais (CRN – 6609) sobre mitos e verdades sobre o veganismo e o vegetarianismo na maturidade.
“Existem diferenças entre a saúde de pessoas veganas ou vegetarianas com mais de 50 anos e a saúde de longevos onívoros?”
Segundo Rita, uma das principais diferenças entre uma pessoa com uma dieta vegana/vegetariana e uma pessoa com uma dieta onívora é uma menor concentração de colesterol. A Pfizer, empresa farmacêutica, define o colesterol como um composto gorduroso utilizado para a produção das membranas celulares e de alguns hormônios.
Existem diferentes tipos de colesterol, o HDL (também conhecido como “colesterol bom”), LDL (também conhecido como “colesterol ruim”) e VLDL. “O colesterol LDL de quem consome carnes e proteínas de origem animal tende a ter uma concentração maior”, aponta a nutricionista.
“Existem prejuízos para pessoas maduras na dieta vegetariana ou vegana?”
Rita ressalta que, com um bom acompanhamento médico, a dieta vegetariana ou vegana após os 50 anos não apresenta prejuízos: “pelo contrário, a dieta tem vários fatores que são benéficos à saúde, principalmente em relação ao colesterol e a redução da possibilidade do câncer intestinal. Hoje, com o consumo de proteína de origem animal, nós temos um grande número de pacientes com câncer de intestino, então, não vejo nenhum problema se o paciente estiver bem acompanhado”, observa Rita.
“Quais são os cuidados necessários para uma transição de dieta após os 50?”
O primeiro exame necessário para uma transição de dieta é o exame de sangue. Com a análise dos resultados, Rita conta que é necessário identificar os índices de vitamina B12, de cálcio e de ferro, com atenção especial à vitamina B12, já que ela vem de alimentos de origem animal. A rotina do indivíduo, como a incidência de atividades físicas, esforços da atividade profissional, e alimentos que costuma comer também impactam diretamente nesta análise. “Eu observo com atenção a suplementação na dieta desse paciente vegetariano ou vegano, para ver se ele tá suprindo a necessidade dos aminoácidos”.
“Quais alimentos vegetais são os mais indicados para pessoas longevas?”
Na indicação de vegetais, a nutricionista ressalta a importância de ampliar o paladar e não concentrar toda alimentação na proteína de soja, uma vez que somente ela não é capaz de trazer o aporte de vitaminas, minerais ou aminoácidos necessários. “É muito importante consumir vegetais verdes escuros, como por exemplo, ora-pro-nóbis, vagem, couve, escarola, catalônia, para que você tenha um aporte de ferro”, explica Rita.
Beterraba, cenoura e espinafre são outros aliados na alimentação que são ricos em vitamina A: “Devemos ficar de olho porque nossa célula precisa muito dessa vitamina para cuidar da visão, mas também é necessária para a pele, para o cabelo e para demais funções do corpo. A suplementação do paciente vegano ou vegetariano não é só focada na B12, é necessário olhar para a alimentação e verificar como o corpo dele se porta na absorção desses nutrientes”.