16 de Outubro de 2024 | Larissa Gabriel Alvares
Mulher madura | Créditos: funda izgi – Pexels
Em 2023, as pesquisas mostram que mulheres e homens possuem 6,6 anos de diferença na expectativa de vida
As Projeções da População divulgadas neste ano, que compilam pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, nos dão espaço para repensar o perfil do brasileiro com o passar do tempo. Entre recortes da longevidade como o aumento da população com sessenta anos ou mais no país, encontramos outro dado que está frequentemente presente nas análises: a diferença da expectativa de vida entre homens e mulheres.
Nos anos 2000, a expectativa de vida das mulheres era de 75,1 anos, enquanto a dos homens era de 67,7 anos, uma diferença de 7,8 anos. Em 2023, as pesquisas mostram 79,7 anos para as mulheres e 73,1 anos para os homens, resultando em 6,6 anos de diferença. As projeções para 2070 reduzem essa diferença para 4,4 anos, sendo mulheres com 86,1 anos e homens com 81,7 anos.
Mesmo em parâmetro mundial, a longevidade da mulher em relação ao homem ainda é superior. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a média das expectativas de vida ao nascer da população mundial era de 75, 8 anos para mulheres e de 70,5 anos para homens em 2023.
O que explica essa diferença?
Existem alguns fatores que explicam a diferença entre a expectativa de homens e mulheres. Para a OMS, o fato de os homens se cuidarem menos, por se consultarem com médicos com menor frequência, e consumirem em média cinco vezes mais tabaco e álcool que as mulheres, contribui de forma efetiva para a redução da longevidade.
Segundo o Ministério da Saúde, três em cada dez homens não têm o hábito de ir ao médico. Ainda, de acordo com pesquisa do Centro de Referência em Saúde do Homem, mais da metade dos pacientes do sexo masculino só procura atendimento médico em casos de problemas de saúde avançados.
Outros dados sobre esse tema são revelados com a pesquisa da Cleveland Clinic (centro médico acadêmico norte-americano sem fins lucrativos): 20% dos homens admitem não ser sinceros com os próprios médicos. Apenas metade deles costuma fazer exames de rotina. 65% dos entrevistados admitiram que evitam ir ao médico pelo maior período possível.
A Clínica Kowalski, especialista no tratamento cirúrgico do câncer e das doenças da região da Cabeça e Pescoço, fez uma análise desse comportamento em seu site:
“Esse medo pode decorrer da ideia de ‘fraqueza’ que os homens, supostamente, não podem demonstrar, além do temor causado pela falta de informação sobre as doenças, especialmente o câncer, desde a possibilidade de tratamento e das implicações que pode ter.”
Outros fatores determinantes para a discrepância são biológicos, como a resistência ou suscetibilidade a determinadas doenças, e comportamentais, vide maior consumo de bebidas alcoólicas e tabaco. No Brasil, as altas taxas de homicídios e o maior envolvimento em acidentes de trânsito também têm impacto significativo.
Percebendo essa discrepância, que dificilmente irá se igualar a zero, a OMS concluiu que, para diminuir essa diferença, é preciso que os governantes comecem a levar em conta as diferenças de gênero no desenvolvimento de políticas públicas de saúde. Campanhas conscientizadoras como o Novembro Azul (mês mundial de combate ao câncer de próstata), também possuem um papel importante na desmistificação do cuidado com a saúde como símbolo de fraqueza masculina.