11 de Setembro de 2024 | Amanda Albela
Painelistas de ‘Agetechs: A próxima Fronteira de Investimentos’ – Créditos: Amanda Albela
Com mediação de Marcos Eduardo Ferreira, Cofundador da Silver Hub e membro do comitê de investimento Wiz Seguros, o painel “Agetechs: A próxima Fronteira de Investimentos” teve a participação de Ricardo Salomão, Cofundador e Managing Partner da Green Rock, Fabiana Barrufini, Sócia da IKJ Capital, e Marcos Olmos, Venture Capital Director da Vox Capital como debatedores.
Para iniciar o painel Marcos Olmos contou que o investimento de impacto é cuidar daquilo que o indivíduo está fazendo com sua renda, e isso se assimila com à saúde: “Em todos os investimentos, independente da vertical, cuidamos de cada um”.
Ricardo Salomão compartilhou que está levantando o segundo veículo de investimento, e já fez 22 ao longo do tempo: “Nos tornamos uma gestora formal desde o ano passado e temos uma tese de investimento agnóstica: base tecnológica e serviços, que escalam. Olhamos companhias que tenham sinais de market fit das soluções, num cheque de R$ 5 a R$ 15 milhões, sendo longevidade um setor que estamos de olho. Investimos em duas startups e continuamos olhando.” O palestrante diz que novas soluções devem chegar, não para prolongar, mas mudar a forma como os maduros vivem a vida.
“Dentro da Silver Hub, metade das nossas startups estão olhando para saúde“, diz Marcos Ferreira. As biotechs, empresas de tecnologia baseada nas ciências biológicas, são grandes jogadoras desse mercado: “Eu acredito que a saúde desponta com destaque. Estender a qualidade de vida. Existem tendências do envelhecimento e muitos assuntos permeiam a massa muscular. Ter massa muscular é sinal de saúde, é ter força, carregar sacolinha do mercado no futuro. São impactos consideráveis. As biotechs buscam soluções para endereçar e ajudar quem não consegue ou não quer fazer exercício“.
Marcos Ferreira questionou Ricardo sobre startups em destaque: “Tem casos lá fora que alguns brasileiros já tentaram mimetizar. Tentaram criar cuidadores fora do padrão habitual, são estudantes universitários e trazem uma perspectiva diferente para o idoso sob uma nova ótica. Por exemplo: um cuidador enxadrista cuida de um idoso que gosta muito de jogar xadrez. A empresa chama de experiência: UAU. Este modelo não é replicável, é muito difícil dizer que nossos universitários virariam cuidadores aqui no Brasil. Mas por outro lado tem inúmeras oportunidades de conseguir para senhores e senhoras, que vai desde o mercado, que já existem até novos mercados que estão sendo criados agora, como por exemplo Terça da Serra, que se assemelha mais a um business de hotelaria do que de saúde”.
“Há vários caminhos, nem todos os cases são para Venture Capital, muitas vezes pode ser um private equity“, diz Marcos Olmos.
Fabiana conta que os Estados Unidos e a Europa enfrentam o desafio de achar cuidadores. Não há braço para atender toda população, e é aí que as startups entram na função: seja um chatbot que agiliza atendimento, passando de cinco para 25 pessoas atendidas, seja auxiliar na integração de cuidadores no mercado, ou até mesmo auxiliar em convênios de bolsas para cuidadores. Fabiana investe em uma empresa norte- americana de startups de cuidadores autistas. Essa empresa começou a dar treinamento para quem quer ser cuidador, em especial, aos pais dos autistas. Lá, o convênio reembolsa o valor integral. “Há falta de mão de obra no setor de saúde”, diz a debatedora.
Marcos Ferreira perguntou se há potencial para ter um unicórnio na longevidade do Brasil, ou seja, uma startup que possui avaliação de preço de mercado no valor de mais de 1 bilhão de dólares americanos.
Ricardo diz que não acredita em unicórnios, principalmente no setor da saúde, nem no Brasil nem na América Latina, e deixa como dica: “Conheça como é o jogo de se levantar capital, qual é o perfil de cada um dos investidores, normalmente essas informações são difundidas, em tamanho de cheque, maturidade de empresa. Busque trazer bons investidores anjo, ter alguém de negócios, traga alguém que tenha uma participação pequena, mas que abra portas, definindo seu produto, chegando ao marketfit mais rápido. Seja cara dura!”.
Para o palestrante Ricardo, “empreendedorismo é isso, não tenha medo de bater na porta”.
Fabiana diz que se pudesse dar uma dica sobre qual área focar em saúde e longevidade, seria na saúde feminina, já que é uma área negligenciada. “Para se ter ideia, até 1980 as mulheres não eram inseridas em estudos clínicos, por isso muita coisa não funciona. Tem um link importante que quase não se fala, que é a menopausa. Basicamente a mulher começa a envelhecer aos 50 anos, para de ter hormônios e isso, se não houver um tratamento, a mulher vai por água abaixo e tem uma saúde e qualidade de vida ruim”.
Fabiana encerra com a dica: “Minha dica: olhem para as mulheres”.
Marcos Olmos diz que também olham para femtechs, ou seja, softwares e serviços que utilizam tecnologia voltada para a saúde da mulher. “Precisa entender a dor onde está, vou na linha do Ricardo, nós não miramos unicórnio de saúde, tem muita biotech nos Estados Unidos que vai esse discurso, mas fora isso, no Brasil não tem muito isso. Enquanto Vox, sugiro que entenda a intencionalidade do que está fazendo. Em saúde, isso é muito forte: em que magnitude você quer impactar positivamente, um diagnóstico, que você se identifica? Escolher um bom time é vital, é uma jornada de muita incerteza, tem muitos espaços para fintechs e o time faz diferença”.