4 de Setembro de 2024 | Larissa Gabriel Alvares
Crédito: Pexels – Gustavo Fring
Segundo levantamento de Karen Etkin, fundadora do The Age Tech academy, 30% das empresas que triunfaram foram criadas por pessoas acima dos 50
Você já se perguntou qual a melhor idade ou setor para começar a empreender? Ao olhar para o mercado, encontramos autônomos de diversas as faixas etárias, em diferentes serviços, que traçaram os mais variados caminhos. A verdade é que não existe uma idade certa para começar a empreender!
A economia prateada vem marcando presença e assumindo cases de sucesso na maturidade. Dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) indicam que cerca de 3,1% das pessoas que empreendem no país têm mais de 60 anos.
Em 2017, o Sebrae realizou uma pesquisa que traçou o perfil do potencial empreendedor aposentado. Dentre aqueles que já são aposentados, cerca de 8% já abriram seu próprio negócio. Aproximadamente 25% dos entrevistados afirmaram que pretendem abrir uma empresa no futuro. Destes, 10,8% planejam abrir uma empresa em até dois anos.
Na sétima edição do State of age tech 2024, o mais recente balanço do mercado da tecnologia voltada para um envelhecimento de qualidade, Keren Etkin, fundadora do The Gerontechnologist e The Age Tech Academy, apresentou números impressionantes sobre os indices de sucesso do publico longevo. Confira o recorte do portal Bem-Estar:
“O interessante é que empreendedores maduros são os que têm mais chances de êxito: a idade média dos fundadores das startups de maior crescimento é 45 anos. No entanto, um empreendedor de 50 anos tem 1.8 mais chance de chegar ao sucesso do que seu par de 30. Se tiver 60 anos, as chances triplicam. No levantamento, 30% das empresas que triunfaram foram criadas por pessoas acima dos 50.”
O crescimento e diversificação do mercado empreendedor está cada vez mais evidente. Na matéria de hoje, reunimos 4 cases de sucesso ligados a longevidade e empreendedorismo da economia prateada brasileira:
Cléa Klouri
Crédito: Pexels – Reprodução Linkedin
Cléa Klouri tem mais de trinta anos atuando na área de planejamento de grandes agências de publicidade. Ela se formou em comunicação com especialização em marketing de serviços e hoje em dia é especialista no mercado da longevidade. Fundadora do Silver Makers, hub de marketing de influência 50+, Cléa atualmente é responsável pelos novos negócios e lidera os projetos de pesquisa adhoc do Data8.
O interesse em trabalhar no ramo da longevidade começou em 2016, quando Cléa se deparou com dados do envelhecimento acelerado da população: “Isso acendeu uma luz vermelha na minha cabeça. Mergulhei mais no assunto. O que foi muito inspirador para mim, que sempre tive uma atração pelo tema longevidade”.
Em entrevista exclusiva ao The Silver Economy, Cléa listou as principais características de um empreendedor: “Perseverança, comprometimento, estar sempre atualizado, ter um bom relacionamento no mercado, entre outros. Mas o que é importante aqui é ressaltar que as pessoas 50+ já carregam uma experiência valiosa, com muitos aprendizados, o que possibilita uma margem de erro menor”. Ainda, acrescentou como os relacionamentos intergeracionais, ou seja, entre diferentes gerações, são enriquecedores: “É importante ressaltar também a importância do relacionamento intergeracional, gerando uma valiosa troca de experiência e aprendizado entre gerações”.
Fran Winandy
Crédito: Arquivo pessoal
Fran Winandy é psicóloga e iniciou sua trajetória na área de recursos humanos. Posteriormente em seu mestrado, descobriu a amplitude do tema diversidade e se encantou com o pilar etário. Fran realiza palestras, rodas de conversas, mentorias, podcasts e empreende com trabalhos de consultoria para implementação de Programas de Diversidade Etária e Integração Geracional dentro de organizações.
“O mercado 50+ é um oceano prateado de oportunidades. São 54 milhões de consumidores que, só no Brasil, movimentam cerca de 2 trilhões de reais, mas se sentem ignorados e invisibilizados. Faltam produtos e serviços para este público. Falta trabalho, e, sobretudo, faltam empregos”, afirmou a profissional.
Quando questionada sobre a introdução da economia prateada na sociedade, Fran refletiu: “Ainda temos muito pioneirismo neste mercado, o que significa ter que abrir muitos caminhos em ‘mata fechada’, onde nem sempre o ‘ganha-ganha’ é praticado ou compreendido. Aliás, temos muitas vezes que começar do ‘Beabá’ pois muitas pessoas não conhecem nem compreendem o potencial da Economia da Longevidade”.
Autora do blog etarismo, onde escreve artigos e compartilha conteúdos sobre o tema, Fran tem o compromisso de difundir a discussão no Brasil.
Marcos Ferreira
Crédito: Mauro Stanichesk
Investidor e referência no mercado securitário, Marcos Ferreira é co-fundador da Silver Hub, aceleradora de startups focada no mercado da longevidade, e co-fundador do Homens de Prata, projeto que nasceu com o propósito de conectar homens da geração prateada. Marcos sempre teve um olhar atento aos impactos da longevidade e, em 2021, estudou os desafios e oportunidades da economia prateada, participando da primeira turma do curso de Formação Executiva em Mercado de Longevidade da FGV, de São Paulo.
Em conversa com a equipe do The Silver Economy, o executivo revelou o porquê resolveu trabalhar neste mercado: “Eu, particularmente, tive vivências enquanto executivo de vida privada, e percebi que ter só a vida financeira estruturada não é suficiente para uma longevidade. Várias situações me mostraram que há aspectos da vida humana, como saúde, qualidade de vida, estilo de vida, que são pilares. Atuando ativamente na longevidade posso contribuir neste mercado”.
Ainda, Marcos dá dicas para maduros que querem entrar no mercado: “Para ser empreendedor é necessário que a pessoa seja inquieta, que goste de conhecer o novo, assumir riscos…. Agora, sendo maduro, há uma capacidade intelectual pela curva de aprendizado anterior e experiências vividas, já está muito mais preparado para não correr riscos desnecessários”.
Arine Rodrigues
Crédito: Reprodução – Divulgação
“Eu (Arine) sou filha de pais maduros. Cresci rodeada pelas insatisfações e desejos não atendidos deles relacionados às plataformas disponíveis de compras/vendas. Quando eles faleceram, em 2018, trabalhar com os maduros virou uma missão e um propósito de vida”.
O marketplace Vida60mais é uma plataforma que concentra uma variedade de produtos e serviços relacionados à saúde/bem-estar dos idosos. As fundadoras formadas em Relações Internacionais, Arine Rodrigues e Gabriela Manhoso, contam como suas experiências pessoais as inspiraram a criar uma cultura, conteúdos, parceiros, selos, ações e publicidade voltadas para um ótimo atendimento das pessoas com mais de 60 anos ou mais.
“O que descobrimos foi assustador, mas nos deu motivação de endereçar a questão. Os dados apontaram que 77% dos entrevistados (maduros) não se sentiam representados nas plataformas atuais e não se identificavam nas campanhas publicitárias disponíveis, 67% preferiam marcas e empresas com valores semelhantes aos seus e 87% gostariam de ser mais ouvidos pelas empresas e encontrar um espaço de consumo dedicado a eles”.
Os 60+ são protagonistas das estratégias e ações do marketplace, fazendo com que eles possam direcionar as ações com propriedade, já que possuem especialidade no perfil do consumidor maduro. Em 2021, o Vida60mais foi reconhecido pelo selo de direitos humanos e diversidade conferido pela prefeitura da cidade de São Paulo.