A revolução tecnológica e a economia da longevidade: desafios e oportunidades

5 de Dezembro de 2023 | Hever Costa Lima

A inovação com a Internet das Coisas, 5G, Inteligência Artificial e telecomunicações permite a criação de serviços interconectados e personalizados
Crédito: Freepik

Explorando o impacto da tecnologia na economia da longevidade e como ela está transformando a vida do público sênior no Brasil

O avanço tecnológico tem trazido grandes transformações para a humanidade, tanto no aspecto econômico quanto no social. A indústria da tecnologia movimenta bilhões de reais e gera milhares de empregos, além de facilitar o acesso à informação, ao entretenimento e à interação social por meio da internet. 

Um dos segmentos que mais se destaca nesse cenário é o da economia da longevidade, que visa atender às demandas e às necessidades do público sênior. Segundo uma pesquisa da Pipe.Social, uma plataforma de negócios de impacto, existem 343 empresas no Brasil que oferecem soluções inovadoras para esse público, desde aplicativos para cuidados com a saúde até experiências de bem-estar e planejamento do final da vida. 

No entanto, é importante notar que a implementação e adoção dessas inovações podem ser desafiadoras devido a barreiras como a falta de acesso à tecnologia, a resistência à mudança, e a falta de conhecimento sobre como usar essas novas ferramentas, sobretudo, pelo público 60+. Portanto, é crucial que essas soluções sejam projetadas levando em consideração as necessidades e capacidades específicas dos maduros. 

Essas soluções são possíveis graças aos avanços em áreas como Internet das Coisas, 5G, Inteligência Artificial e telecomunicações, que permitem a criação de serviços interconectados e personalizados. Essas tecnologias estão mudando nosso estilo de vida e nosso consumo, trazendo benefícios para toda a sociedade.

Entretanto, há um desafio para a inovação. Entender a experiência do usuário, identificar problemas e dificuldades e trabalhar para melhorá-los e resolvê-los será um divisor de águas para a Longevidade. O CEO da Sambatech, Gustavo Caetano, destaca que a tecnologia está cada vez mais presente em nosso cotidiano, muitas vezes de maneiras que nem percebemos. 

Exemplos disso são televisores e geladeiras inteligentes, cafeteiras e máquinas de lavar com recursos de programação cada vez mais sofisticados, e até mesmo ações simples que nos permite acender e apagar as luzes com um comando de voz envolve inovação. “A tecnologia está se tornando uma parte tão integrada de nossas vidas que muitas vezes nem percebemos que ela está lá”, pontua.

Os inovadores 

As grandes empresas de tecnologia estão cada vez mais focadas no crescente mercado da longevidade. A Apple, por exemplo, adicionou recursos ao seu smartwatch que incluem detecção de queda, monitoramento de ritmo cardíaco e compartilhamento de localização com familiares. 

A Amazon também tem aprimorado sua assistente virtual, Alexa, para melhor atender os idosos e seus familiares, com funções como lembretes de horários para tomar remédios, monitoramento à distância e acesso a profissionais de saúde. 

Além disso, empresários bilionários ao redor do mundo, como Larry Ellison, fundador da Oracle, Peter Thiel, cofundador do PayPal, e Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, têm investido em pesquisas voltadas para o combate ao envelhecimento e a busca pela cura e prevenção de doenças. 

A Fundação Hevolution, organização sem fins lucrativos planeja investir até US$ 1 bilhão por ano para promover o avanço global da gerociência, uma área de estudo que investiga os mecanismos celulares e genéticos ligados ao envelhecimento e ao surgimento de doenças crônicas. 

A missão da fundação é prolongar a vida saudável para o benefício de toda a humanidade, financiando pesquisas básicas de longo prazo, acelerando o desenvolvimento de novos medicamentos e garantindo que as inovações na ciência e na medicina relacionadas à idade sejam acessíveis a todos em todo o mundo. 

Casa interativa 

A mudança na estrutura familiar e o aumento da longevidade têm levado a um crescimento no número de idosos que vivem sozinhos. No Brasil, mais de 4 milhões de pessoas com mais de 60 anos vivem sozinhas, incluindo mais de 290 mil na cidade de São Paulo, das quais 22.680 têm mais de 90 anos. 

O demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, professor aposentado da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destaca que o Brasil está envelhecendo muito rápido. “A França, para passar de 7% da população idosa para 28%, vai gastar 200 anos. O Brasil vai gastar só 50 anos. O Brasil, a China e outros países tiveram uma transição muito rápida”.

No contexto, espera-se um aumento nos serviços que possam atender à demanda do 60+, o que requer o desenvolvimento de novas estratégias para promover o bem-estar. As moradias inteligentes e conectadas desempenham um papel crucial, servindo como uma unidade funcional para a gestão da qualidade de vida. 

Exemplo disso são as moradias que já podem contar com estações de Tele Home Care (THC) para facilitar o contato entre o usuário e o profissional de saúde e promover o acompanhamento à distância; robôs de telepresença, que permitem que os familiares participem mais ativamente do dia a dia dos idosos; e aparelhos e sensores que monitoram os sinais vitais.

Além disso, condomínios de casas ou prédios podem ser equipados com health center, espaços de convivência e hobby, estruturas de incentivo à prática de atividade física e até mesmo áreas humanizadas focadas no fim da vida. 

A ideia é oferecer às pessoas um ambiente saudável para que possam adotar um novo estilo de vida e viver com independência e autonomia. Arquitetos e engenheiros têm um papel importante nessa cadeia de cuidado, projetando casas inteligentes focadas em promover a saúde e o bem-estar dos idosos.

Envelhecimento Saudável 

A inovação com a Internet das Coisas, 5G, Inteligência Artificial e telecomunicações permite a criação de serviços interconectados e personalizados
Crédito: Freepik


Uma sociedade para todas as idades é o objetivo da “Década do Envelhecimento Saudável 2021-2030”, uma iniciativa da Assembleia Geral das Nações Unidas, lançada em dezembro de 2020. Para alcançar essa meta, quatro eixos devem orientar as ações: transformar a forma como pensamos, sentimos e agimos em relação ao envelhecimento; apoiar as comunidades para que valorizem as capacidades das pessoas idosas; oferecer serviços de cuidados integrados e de atenção primária à saúde que sejam centrados e adequados às necessidades dos “maduros”; e garantir o acesso a cuidados de longo prazo para quem precisar. 

O processo de amadurecimento do ser humano deve ser compreendido de forma positiva e pensado em função das gerações futuras e de suas demandas. A medicina tem um papel importante nesse sentido, ao investir em estudos e pesquisas que ampliem nosso conhecimento sobre o envelhecimento, os avanços na tecnologia e a importância das relações sociais.  

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